sympathy

fica pra próxima

— Eu já não sei mais o que fazer. - Mingyu reclamou, apoiando a mão em seu queixo. — Até chorei achando que eu me sentiria melhor, mas piorei. - Bufou. Aquela sensação ruim de derrota o engolindo e processando todos seus orgãos dentro de si. Como se seu corpo se revirasse por inteiro.

— Você? Você chorou? Pelo Wonwoo? Pra mim isso é uma surpresa. Tô orgulhoso de ti. - Seokmin o respondeu incrédulo, seus olhos arregalados mostrando que aquela não era uma situação corriqueira, muito pelo contrário. Mingyu nunca foi de chorar, principalmente por homens que feriam seus sentimentos.

— É, Seok, eu sei o que você tá pensando, - arqueou uma de suas sobrancelhas, a situação se tornando desconfortável. — mas eu também não sou de ferro, e muito menos um coração de gelo. Então relaxa, eu tenho sentimentos, viu? - Por fim, soltou a frase em tom sarcástico para sobrepor o sentimento de vergonha.

— Olha, eu vou ser bem sincero contigo... - Parou, na tentativa falha de causar mistério. — Desiste dele, cara. Parte pra outra. - Boo sugeriu, entrando de súbito na conversa. Por um momento pensou em hesitar, mas mesmo assim continuou: — E aquele Soonyoung que vivia correndo atrás de você?

— Eu não gosto dele do mesmo jeito, Kwan. - Mingyu o respondeu de forma cansada, revirando os olhos. O corpo inerte sobre o banco.

— E o Jihoon? Há uns dias atrás ele veio me perguntar de você. - Seungkwan insistiu.

— Também não gosto dele, na verdade ele é meio irritante. - Assentiu algo que nem ele mesmo sabia, talvez estivesse concordando com sua própria opinião sobre o garoto citado.

— E o Jeonghan? Cara, ele tá tão na sua. - Quebrando o clima chato que estava prestes a se instalar, dessa vez Dokyeom quem tomou as redeas da conversa, novamente.

Mingyu riu com a frase de efeito, mas seu corpo tremeu ao escutar aquele nome. Preferiu ficar calado. Não sabia o que sentia por Jeonghan, ainda mais depois de ter literalmente fugido do garoto, bom, e Mingyu também não queria pensar muito nele, já que Hansol o ameaçou, e Kim jamais perderia a amizade de alguém só por causa de um rostinho bonito com feições de anjo. Jamais.

— Gyu? Oi, será que a gente pode conversar um pouco? - Indagou uma nova voz atrás de si.

Ah, e aquela voz... Mingyu a reconheceu de súbito. Respirou fundo apenas para recuperar o ar que lhe faltou naquele momento. Estava claramente nervoso, mas não queria demonstrar. Seokmin e Seungkwan perceberam o clima que se instalava naquele local, se encararam e sairam de perto para deixar os dois conversarem a sós. Ambos realmente queriam que Jeon e Kim ficassem juntos, mas não sabiam ao certo como ajudar o amigo.

— Oi, Wonwoo! - Mingyu alargou um sorriso animado, deixando um espaço para o moreno sentar-se ao seu lado no banco do refeitório. — Pode me falar. Você precisa de algo? - Ele pensou bem antes de fazer aquela pergunta, e inconscientemente já soube a resposta.

Jeon se sentou ao lado do maior, respirando fundo e criando coragem para o questiona-lo de uma forma considerável invasiva, mas era necessário. Juntou os dedos em forma de nervosismo e piscou freneticamente antes de dizer:

— Bom, ontem eu estava saindo do campus e te vi chorando debaixo daquela árvore. - Pigarreou. Percebeu o desconforto de Mingyu. — Eu não quis te encher o saco naquela hora, mas depois não consegui tirar aquela imagem da minha cabeça, sabe? Aconteceu alguma coisa? Eu fiquei preocupado com você.

— Ah. - Limpou a garganta. Estava preparado e confiante para confessar seus sentimentos por Wonwoo. — Sim, eu tava chorando, e era por causa de uma pessoa.

— Entendo, mas você pod-

— Eu tava chorando por causa de você, Wonwoo! - Interrompeu o garoto, falando rapidamente. Se sentia muito mais aliviado por mais que sua mente tivesse o enganado, e em questão de milésimos Mingyu se arrependera das palavras que dissera.

— Oh... Por causa de mim? - Apontou o dedo para si mesmo, ainda confuso com aquela situação. — Então minha teoria estava certa. - Pronunciou baixinho, quase que em um sussurro para que o maior não o ouvisse e começasse a interrogá-lo.

— Não posso ficar guardando esse segredo pelo resto da minha vida, então vou falar logo pra você, Wonwoo. - Pôs suas mãos sobre as do moreno, ainda procurando a coragem que parecia ter se escondido entre suas entranhas, mas aquele simples toque já o encorajou de uma forma tão surreal, que nada mais o atrapalharia de confessar seu amor, nem mesmo Deus. — Já tem mais ou menos uns dois meses que eu não durmo direito, não me alimento direito, não sinto vontade de fazer as coisas que eu gostava de fazer antes. E, bom, o motivo pra isso é que eu g-

— GYU, PELO AMOR DE DEUS, O HANSOL DESMAIOU! - A voz exasperada de seu colega Junhui ecoou pelo pátio, o garoto correndo desesperadamente atrás de Kim, (in)felizmente interrompendo a confissão do amigo.

Mingyu respirou fundo, olhando em volta, avistando uma grande aglomeração de alunos desesperados em volta de Hansol para ajudar o garoto desmaiado. Algumas pessoas gritavam, procurando a atenção de alguém da diretoria, ou por algum aluno que cursava medicina; enquanto outras cochichavam entre si, somente observando a situação.

Puta que pariu.