azar e sorte andando juntos

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Yoon Jeonghan poderia ser o homem mais sortudo do mundo, quem sabe. Bem, mas claro que não é muita sorte encontrar o amor de sua vida caído no chão, sangrando e chorando, com um machucado no canto da boca, mas mesmo assim ainda tinha sorte de ter entrado naquela sala 4 para buscar uma das carteiras que faltavam em sua sala de aula e de ter feito sua primeira boa ação do do dia: poder ajudar alguém, e este alguém não era qualquer pessoa, era nada menos que Kim Mingyu.

Os momentos sufocantes de lágrimas no rosto de ambos, o ambiente daquela sala de aula era pesado, sentiam-se seres humanos minúsculos sendo esmagados pela raiva e pela tristeza. Quando deram as mãos, subiram então para o único lugar de paz daquela faculdade tão barulhenta e que os causava até certo desespero: o topo do prédio da faculdade. Este era o lugar secreto e predileto de Jeonghan, e apenas compartilhava daquele segredo com Wonwoo, bem, mas naquela altura do campeonato Jeon já até se esquecera daquele espaço, e mesmo se não tivesse esquecido, prometeu jamais pisar lá, pois as lembranças dolorosas não o deixariam em paz.

E Mingyu, apesar de triste e decepcionado, sorriu ao chegar no topo de mãos dadas com Yoon, e quem os visse juntos daquela maneira com aqueles olhares brilhando, diria que eram casados há anos. O vento forte batendo em seus cabelos não os incomodava, os fios se moviam pra lá e pra cá como se quisessem fugir daquele couro cabeludo, pelo contrário, era tão bom quanto poder sentir o gosto de um beijo doce pela primeira vez. O Sol já não estava tão forte mas era o necessário para manter o corpo dos garotos aquecido, algumas das nuvens no céu faziam um formato engraçado a todo momento, se transformando em animais e pessoas como se fossem livres, e elas eram livres afinal.

Yoon Jeonghan nunca foi um cara de contar seus segredos para todo o mundo, gostava de ser mais reservado, apenas se revelava para pessoas muito próximas de si. E sentia vontade de ser totalmente exposto a Kim Mingyu, dizer seus segredos, seus medos e suas vontades, dizer que noite passada sonhou com ele e que gostaria de levá-lo ao altar, convidá-lo à sua casa, apresentar seu pai e seus tios e dizer: "Eu vou me casar com esse cara!".  Yoon Jeonghan estava realmente apaixonado, e para Kim só restava a dúvida de aquela paixão ser em decorrência da simpatia, ou não. De qualquer forma, sendo simpatia ou não, paixão de verdade ou não, o que lhe custaria dar uma chance a Yoon? E ainda por cima, lhe dar uma chance de ser alegre e poder sair por aí dizendo que não há mais decepções amorosas em sua vida.

— É aqui que eu fico quando tô me sentindo mal. O que achou? - O mais velho questionou, sorrindo ao fitar o semblante sereno de Mingyu. Notou que seus olhos pareciam diminuir sempre que estava feliz ou calmo, suas sobrancelhas arqueadas significavam paz. Kim estava finalmente bem, à percepção de Jeonghan.

— Gostei, sim. É bem tranquilo aqui. - Olhou pra cima, seus olhos semicerrados por conta da claridade, mas talvez se encarasse Jeonghan de volta ficaria cego de vez.

— Você é lindo, sabia? - Na tentativa de fazer que os olhos alheios o olhassem de volta, proferiu Yoon com a voz baixa, monocórdia.

— Ei, eu fico com vergonha, hyung. - O outro encolheu seu corpo juntando suas mãozinhas ao sentir suas bochechas queimarem de vergonha e timidez.

Timidez era algo estranho vindo de Kim Mingyu, mas ele não se importou, se alguém finalmente o fizera se sentir tímido, é porque esse alguém se tornou importante em sua vida. Não era sempre que esse sentimento se fazia presente em seu cotidiano, até porque os únicos elogios que recebia eram relacionados a pura malícia.

— Oh. Você me chamou de "hyung"? - Yoon arregalou os olhos em espanto, o coração aquecido não o deixava disfarçar a sensação de alegria, mais ainda quando Kim assentiu. — Venha, vamos nos sentar. Tem um tapete bem ali. - Apontou para o local. — Preciso dar uma olhada nessa sua boca. No ferimento, eu quis dizer. - Sorriu envergonhado, pigarreando para esquecer a saia justa.

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