sympathy

e deu tudo errado

O sol parecia crescer à medida em que amanhecia aos poucos, trazendo consigo a preguiça gostosa das manhãs lotadas de esperança por um dia melhor.

Mingyu acordou feliz e animado, adorava cursar teatro na faculdade de Seul, mas naquele bendito dia acordou daquela maneira por um outro propósito que, para ele, era muito mais importante: a simpatia. Estava curioso para saber se deu certo, se houve alguma mudança com Wonwoo, se finalmente conseguiria pelo menos um abraço de seu amado, o que fosse, Mingyu estaria feliz de qualquer maneira, e qualquer gesto de seu amado já faria com que um sorriso aliviado brotasse em seu rosto.

— E aí, deu certo a magia? - Questionou o garoto alto de cabelos loiros e lábios cheios, puxando e arrastando Mingyu de seus pensamentos sobre Wonwoo.

— Quem foi que te contou que eu fiz magia? Digo, simpatia. - Ele pigarreou, botando a mão na boca para disfarçar seu nervosismo que já brotava dos seus pés até sua cabeça.

— O Seokmin. - Respondeu de forma simplista, dando de ombros.

O sangue de Mingyu ferveu que nem lava saindo de um vulcão em erupção. Mas era óbvio que aquilo aconteceria uma hora ou outra, ele sabia muito bem que Seokmin não era muito bom em guardar segredos, pelo contrário, ele contava a maioria dos acontecimentos da vida de Mingyu para o maior fofoqueiro da escola, vulgo Wen Junhui.

— Vou me lembrar de nunca mais contar algo a ele. Mas enfim, pelo amor de Deus, Jun, não conta nada pra ninguém, tá bom? Você me promete? - O encarou sério, mas querendo chorar por dentro, mesmo assim tentava mostrar estar calmo. Ele queria sair correndo sem rumo, apenas para sair dali e nunca mais voltar para ter de suportar olhares tortos sobre si.

— Relaxa, bichinho. Vou ficar quietinho, tá bom? - Um sorriso amarelo rasgou seus lábios, ele mesmo sabia que não conseguiria guardar aquilo por muito tempo. Junhui deu tapinhas leves nos ombros do amigo, e saiu logo em seguida assim que avistou seu namorado.

Mingyu não acreditou em uma palavra sequer vinda de Junhui, tinha certeza que no fim da aula, mais da metade da faculdade já estaria sabendo sobre a simpatia que o garoto fez para conquistar alguém. Bem, e "mais da metade da faculdade" inclui Jeon Wonwoo.

Já tinha dado tudo errado a partir daí.

Mingyu estava estático no seu lugar, já tinha se arrependido por ter feito aquilo. Mas eu sou burro, é óbvio que não vai dar certo. Nem sei porquê ainda tento. Idiota, idiota, idiota, ele pensou enquanto encarava qualquer coisa que não fosse o olhar de alguém. Tão perdido em seus anseios que nem percebeu a presença de um moreno atrás de si, que o chamava sempre por seu apelido:

— Gyu?

— Hm? - Kim finalmente virou para trás, tendo a visão mais perfeita que já vira em toda sua vidinha miserável, a visão que sempre o alegrava em dias ruins.

Era Wonwoo.

— Oi, Mingyu. Bom, eu vim te devolver aquele mangá que você me emprestou. - Estendeu o livro para o maior, dando um sorrisinho leve. — Ah, e a propósito, é muito bom, como você me falou. - As palavras golpevam o peito de Mingyu, e seu coração estava a ponto de explodir.

— C-claro. - Sorriu envergonhado, pegando o mangá da mão do outro.

Ele não aprendera assim. Só gaguejou uma vez na vida por seu primeiro amor, e se viu gaguejando por Wonwoo. Estava apaixonado e queria morrer com aquele sentimento impregnado em seu corpo.

— Preciso ir agora, minha aula já vai começar. - Ajeitou os óculos em seu rosto, fazendo Kim sorrir minimamente. — Tchau, Gyu. E obrigado pelo mangá! - Acenou para o outro, saindo de perto do maior.

Mingyu acenou, lentamente. Entorpecido pelo olhar brilhante do mais velho, mas ficou confuso ao lembrar da simpatia.

O que havia mudado? Tudo estava a mesma coisa, aquela era só mais uma conversinha que Mingyu sempre teve com Wonwoo, o dia estava tão normal que chegava a ser estranho. A simpatia não tinha dado certo? Mingyu se sentiu derrotado ao pensar nessa hipótese. Queria muito se deitar em posição fetal naquele chão gelado e chorar até se sentir desidratado, mas já estava chorando internamente, então era quase a mesma coisa.

Para falar a verdade, algo já havia mudado, só que ninguém ainda percebeu.