encontro de casais

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Jeon Wonwoo observava as luzes fortes de cor púrpura da boate em que acabara de entrar – e de ser arrastado por Jisoo para frequentá-la.

O som alto da música eletrônica que tocava irritava seus ouvidos, as pessoas bebendo e usando drogas como se aquilo fosse algo rotineiro, isso sem contar no cheiro de suor e fumaça daquele lugar. Era tudo o que Wonwoo mais odiava na vida. Mas o coreano queria fazer aquilo apenas para agradar seu futuro namorado. Ambos de personalidades diferentes, nascidos em países diferentes, com gostos peculiares, mas jeitos iguais de levar a vida: apenas seguindo em frente e deixando tudo rolar. Claro que, a forma como os dois levam a vida, é totalmente distinta uma da outra, mas apesar de tudo, Jeon adorava o sentimento de ter encontrado alguém muito diferente de si, sobretudo com pensamentos diferentes em relação a gostar de alguém.

— Se alguém quiser te oferecer algo, não aceite. - Jisoo alertou, quase gritando ao pé do ouvido de Jeon, que apenas fez uma careta e tapou os ouvidos.

— Eu nem queria estar aqui. - Murmurou, abaixando a cabeça. E foi assim que percebeu que até mesmo o chão – sujo – da boate tinha uma luz forte e alguns feixes que se movimentavam sobre o fundo escuro, e pareciam dançar no ritmo da música.

Jeon Wonwoo passou a odiar luzes depois daquilo.

— Você está bem, Woo? - O americano indagou, apoiando sua destra sobre o ombro alheio. Seus olhos encaravam a expressão de espanto do mais novo.

— Estou, sim. - Sorriu, tentando se recompor. Não queria que seu grande amor percebesse estar desconfortável diante daquele cenário desagradável em que se encontrava. — Vamos pra pista de dança.

— Claro. - Ergueu sua mão, caminhando ao lado de Wonwoo quando o mesmo o segurou. — Você sabe dançar? - Olhou ao redor no momento em que a música agitada cessou, e deu lugar para a melodia lenta. Jisoo voltou a fitar o outro, com uma expressão de vergonha. — Bom...

— Não sei dançar músicas assim, mas vamos tentar. Você me ensina? - Pediu, arqueando as sobrancelhas de forma sugestiva.

O americano sorriu sem pronunciar uma palavra sequer. Com sua canhota apoiada na cintura do outro, e com sua destra livre segurando sua mão, manteve contato visual com Wonwoo, tentando o guiar com passos lentos de acordo com o ritmo da música lenta. Dois passos para a frente, dois passos para trás. Era esse movimento de forma delicada que ambos tentavam manter, e ao se acostumarem com a melodia, aumentaram a velocidade dos passos. Praticamente dançavam pela pista inteira. Jisoo guiava seu companheiro com maestria, inventando passos novos e o encorajando cada vez mais até alcançarem o domínio da música. Sorriam e se movimentavam como se não houvesse amanhã, atraindo a atenção de todos naquele lugar, que pulavam de alegria, querendo se juntar com os dois para dançarem juntos.

Quando o fim da música estava prestes a chegar, Hong puxou a blusa de Wonwoo para ficar mais perto, roçando seus narizes até finalmente selar os lábios macios do mais novo em um selinho curto, mas que para Jeon, tudo aquilo se passava em câmera lenta com seu coração acelerado e suas bochechas rubras. Os aplausos se fizeram presentes envolta da pista de dança, os dois garotos acenaram e sorriram como se fossem dançarinos profissionais agradecendo pelo final de mais um show. Logo, mais uma música agitada começou a tocar, mas Jeon já estava em seu último nível de cansaço, e olha que quase nem dançou direito, mas nada podia ser feito se o garoto só passava os dias lendo livros ao invés de se exercitar, não estava acostumado com aquilo tudo, inclusive, temia não se acostumar com Hong Jisoo e seu jeito intenso de ser.

— Ei, olha quem tá bem alí. - Jisoo apontou o dedo para a direção da pessoa em que se referia, sendo acompanhado pelo olhar incrédulo de Wonwoo. — Não é aquele seu amigo?

— Ele não é mais o meu amigo. - Respondeu, curto e grosso, travando seu maxilar ao queimar seu olhar no dito cujo e, principalmente, em quem o acompanhava.

— Por quê?

— Deixa pra lá, não é importante. - Deu de ombros.

— Ah, é aquele que beijou o Mingyu e foi pego no flagra por você? - Riu soprado.

— Eu já disse pra deixar pra lá. Quero ir embora. - Ralhou, pronto para se afastar de tudo aquilo quando foi segurado pelo americano, recebendo um olhar de reprovação do mesmo.

— Ei, se acalma. Por que você fica todo bravinho quando se lembra do que aconteceu? Você gosta do Mingyu, por acaso? Por que não esquece essa história e faz as pazes com seu amigo? Aposto que ele não fez pra te atingir, ele gosta do Mingyu, dá pra ver nos olhos dele. - Gesticulou. Ele dizia aquelas palavras com pontadas de ódio machucando seu orgulho. — Agora vamos falar com eles como dois homens maduros.

— Tá bom. - Jeon bufou e revirou os olhos, mas mesmo assim se permitiu aceitar aquela conversinha de Hong e o acompanhou para um canto mais afastado da pista e perto do casal que trocava carícias e juras de amor até então.

— Mingyu e Jeonghan aqui? Mas que surpresa agradável. - Abriu seus braços, sorrindo de orelha a orelha ao chamar a atenção dos dois garotos.

— Ah não, ah não. - Kim reclamou ao encarar o casal que ainda o causava sentimentos inexplicáveis e que o machucavam secretamente. — O que fazem aqui?

— Não tá dando pra ver? - Wonwoo respondeu, arregalando seus olhos para fortalecer seu tom óbvio. — Viemos desejar boa noite, mas parece que estamos atrapalhando.

— Não. - O coreano mais velho levantou as mãos em forma de rendição. — Fico feliz em te ver, Wonu. - Sorriu, ponderando se aproximar do amigo para lhe dar um abraço, mas não quis exagerar nas emoções e nos gestos.

— Foi bom te ver também, Jeonghan. - Abaixou o olhar, envergonhado.

— Quer dizer então que vocês estão juntos finalmente? Eu fico feliz por vocês e espero que dê certo esse relacionamento e o Mingyu não vá correr atrás de outras bocas pra beijar. - O americano sorriu ironicamente, apoiando suas mãos na cintura.

Kim fechou os punhos e respirou fundo. E na tentativa de se acalmar diante das provocações de Jisoo, apenas estalou a língua e sorriu da mesma forma.

— Pois eu estou mudando e acho que reconhecer isso é importante para minha evolução como pessoa. Já você, bom, não posso ter muitas esperanças de que vai sair algo que preste de alguém que passou sua vida toda iludindo pessoas e mentindo sobre os sentimentos. - Riu em escárnio, arqueando suas costas. — Boa noite, meninos. - Piscou, se afastando do casal, sendo acompanhado por um Jeonghan preocupado com o que viria depois daquilo.

A verdade é que Mingyu jamais conseguiu superar Hong Jisoo, e todas aquelas provocações, todos os xingamentos, eram apenas formas de sobrepor aquele tantinho da sobra da paixão calorosa que o coreano ainda temia sentir pelo mesmo.

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