carta de amor (ou quase isso)

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Flashback's de alguns dias anteriores atormentavam a pobre mente de Kim Mingyu, enquanto ele pensava no exato momento em que saiu correndo atrás de Wonwoo com seu coração acelerado e o corpo empapado de suor, ao mesmo tempo vinha o gosto dos lábios de Jeonghan. Sim, ele estava confuso, e nem ao menos sabia o que diabos teria de fazer para não magoar nenhum dos dois garotos - mais do que já magoou.

— Wonwoo! Por favor, você precisa me escutar. - Dizia quase que em um grito, por mais que sua voz não o ajudasse fazendo questão de falhar algumas vezes. — Jeon Wonwoo! - Por último, esbravejou. O outro garoto mantinha a postura e caminhava batendo os pés no chão em puro ódio e tristeza e tudo de ruim que alguém poderia sentir naquele momento. Jeon sentia a vontade de vomitar, seu estômago revirava e seus olhos lotados de lágrimas que nem ele mesmo sabia de onde aquilo tudo saiu. Sentia seu corpo ser engolido por uma onda que o afogava, fazia sua epiderme estremecer, seus pelos arrepiarem, ele sentia calafrios enquanto fugia daquele tormento.

Eu não quero mais que você olhe na minha cara, seu filho da puta! - Gritou Wonwoo, girando seu corpo rapidamente para encarar o rosto do maior e suas bochechas rubras. Ele prometeu a si mesmo que aquela seria a última vez em que olharia nos olhos de Kim Mingyu. — Ainda bem que me avisaram. Você realmente é um monstro. — As palavras saíam arrastadas, ele não queria estar dizendo aquilo, mas de alguma forma, outra pessoa falaria de qualquer maneira.

Bem, e estava muito claro de que Wonwoo queria dar uma chance ao projeto de "conquistador barato" que tentava tê-lo nas mãos, pois bem no fundo, sentia que todo aquele emaranhado de emoções do garoto era verdadeiro - ou pelo menos achava isso.

Já havia se passado uma semana após o dia em que Kim realizaria seu sonho de poder finalmente namorar com o amor de sua vida, mas ele estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada, e desde então aquelas imagens horríveis de Wonwoo chorando com o coração quebrado não saíra mais de seu pensamento.
E Mingyu não culpava Jeonghan por aquilo, afinal, o garoto também perdeu seu melhor amigo por causa de um maldito selinho. Ele apenas deixou tudo pra lá, parou de responder seus amigos, parou de ir para a faculdade por um bom tempo para não encontrar nem Wonwoo, nem Jeonghan, muito menos Jisoo, que por um acaso, era o motivo daquilo tudo ter acontecido, afinal, se Mingyu não fugisse de seu ex, talvez não tivesse deixado Jeonghan o beijar - pelo menos não naquele momento.

Já por outro lado, seria pura falta de inteligência deixar de fazer suas coisas importantes pelo simples fato de não querer trombar com Jisoo pelos corredores, e de qualquer maneira, aquilo aconteceria uma hora ou outra, por que não agora? Era apenas ignorar a existência do americano que tudo daria certo, não é mesmo? Mingyu lutava contra sua própria consciência e pensava que talvez não, mas mesmo assim resolveu ir para a faculdade, pensava que nada seria pior do que reprovar.
Mingyu fechou seus olhos lentamente e respirou fundo antes de subir as escadas da faculdade pela primeira vez em sete dias, seu corpo pesava de preocupação, ainda atordoado com coisas que ele nem deveria se dar o trabalho de pensar. Passou pelo pátio mas seus amigos não estavam no mesmo lugar de sempre, ele estranhou a situação mas apenas deu de ombros e foi pegar alguns livros no seu armário para revisar as matérias. O corredor estava quase vazio, na verdade, não tinha quase ninguém naquele campus inteiro. Havia algum evento que Mingyu não estava ciente?

Kim abriu seu armário lotado de apostilas, livros e cadernos. Suspirou fundo quando viu uma foto de Wonwoo colada na parte de dentro da porta, a pontada em seu peito fez com que puxasse o papel com toda sua força, o amassando para tirar aquele pedacinho de tristeza de lá rapidamente antes que ele começasse a chorar ali mesmo, seria constrangedor e doloroso. Entre os diversos livros, um papel lhe chamou a atenção. Mingyu franziu o cenho, pegando o envelope liso de cor rosa, com demasiada curiosidade o abriu sem hesitar, encontrando uma cartinha dentro dele. A marca da dobradura no papel entregava que havia dias que haviam posto ali, talvez uma semana. Kim Mingyu tinha medo do que encontraria, mas mesmo assim quis ler todo o conteúdo, estava sozinho naquele corredor, mas olhou em sua volta somente para se prevenir de que ninguém leria a carta, mesmo nem ele próprio sabendo o que o esperava naqueles versos.

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