IV

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A estranha passou quase todo o percurso inconsciente, apenas murmurando coisas desconexas eventualmente. Demorou menos de 2 horas até achar uma boa hospedaria por essas bandas. É o mais longe de casa que um dia poderia sonhar que chegaria. Bom, pelo menos sozinha.

A dona da estalagem era uma senhora pequena e robusta. Com um rosto adorável e vivás. Ao ver a estranha inconsciente apoiada em um dos meus ombros, não demorou muito para me entregar uma chave e nos conduzir próximo no primeiro andar sem muitos questionamentos. Mas quis saber a gravidade da situação.

— Ela foi ferida, mas já cuidei de seus ferimentos. Não irá demorar para que acorde. Não se preocupe.

— Enquanto o meu pagamento...

— Ah, sim — retirei umas 5 moedas que guardava em meus pertences e a entreguei sem muita modéstia. — Creio que não passaremos mais de 1 ou 2 dias nessa estalagem. Mas caso aconteça de precisar de mais tempo, pagarei o que devo a mais.

— Tenha uma boa hospedagem. Espero que sua amiga melhore.

Antes de até mesmo tentar dizer a senhora que aquela desconhecida não era minha amiga de fato, a porta se fecha. Olho para a cama em que está minha estranha companheira. Colocando uma mão em seu rosto vejo que sua temperatura que começou a ficar elevada no meio do percurso diminuiu. Isso é bom.

Ela realmente era uma mulher muito bonita.

Vou até o toalete e começo a me despir para um bom banho. Apesar de pequeno. O quarto tinha os principais recursos para deixar a vida do hóspede o mais confortável possível. Com duas camas de solteiro. Gostaria de ter que usar roupas confortáveis, como calças e uma boa camisa polida. Como as que essa estranha está usando.

Retiro todas as camadas de roupa e vou para dentro da banheira, a água está quente após prepará-la. Me sentia extremamente revigorada dentro dela. Como se de fato não existissem problemas no mundo. Ao escutar um barulho, viro o rosto rapidamente me deparando com a estranha sentada em sua cama me encarando atordoada.

— O que está fazendo? — Ela olha o quarto todo. — E que lugar é esse?

— Estou tomando banho — ao receber essa resposta ela faz uma careta. — E essa é uma estalagem, precisava deixá-la o mais segura que conseguisse até que você tomasse consciência. Mas precisamos conversar sobre muita coisa. A Propósito, de nada.

— Obrigada — ela cora. — Não te incomoda o fato de você estar basicamente nua na minha frente?

— Não, deveria? Cresci envolta de várias pessoas me auxiliando no banho, ou me vestindo... Perdi esses pudores há alguns bons anos.

Ela parece se divertir com minha fala e balança a cabeça como se realmente não estivesse acreditando no que estava acontecendo.

— Você é da realeza. Claro que é, nem sabe o que realmente é.

Fecho a cara novamente e saio da banheira me cobrindo com a toalha que deixei próximo para não encharcar todo o chão. Reparo que minha companheira acabou por cora com esse meu ato. O que em outra situação poderia parecer engraçado, mas não agora.

— Novamente. Novamente você me fala algo, mas sem realmente me dizer coisa alguma. Por favor, me diga o que você quer dizer com quem realmente eu sou? O que você é? O que está acontecendo e... Principalmente quem é você.

Sento na cama ao lado da sua, ficando de frente para a estranha, me corroendo pela resposta. Era como se minha vida dependesse do que ela falasse.

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