Arrumei meu cabelo com uma trança elaborada que deixava meu cabelo metade preso para cima, favorecendo meu rosto. Olhava meu reflexo me sentindo gloriosa com minha aparência. Usava um vestido vinho, por cima tinha colocado um enorme casaco de pele que cobria quase que totalmente meu corpo, deixando apenas minha cabeça e as pontas dos meus pés e mãos descobertas. Tinha que estar com sua melhor aparência para se apresentar a Rainha de Terralux, Ester. Mesmo que não tenha mais minhas melhores vestimentas, ainda poderia fazer meu seu próprio papel em uma história.
Estava quase pronta para partir da estalagem que ficava no meio da estrada, quando de repente alguém bateu a porta me distraindo do meu trabalho. Fui até a porta checando primeiro o olho mágico e abrindo a porta, sem modéstia. Oz estava igualmente com um casaco grosso de pelo de algum animal que pouco conhecia, disfarçando bem o volume de suas costas. Seus olhos brilharam ao me ver, mas logo se apagaram quando Niall surgiu logo a suas costas pousando o braço em seu ombro e o empurrando para dentro do quarto.
— Falta pouco para chegarmos ao nosso destino. Quando chegarmos lá, espero sinceramente não virar algum dos experimentos da maldosa e cruel Rainha Ester. Sou muito bonito para isso, caso alguém queira desistir desse plano... Bom, não reclamarei.
— O que? Não mesmo. O plano deve continuar, justamente por estarmos tão perto que não devemos desistir — olho para ele indignada. — Ficamos na estrada por dias, Niall. Não me diga que está pensando em abandonar a missão? Mas espera... Experimentos? Você nunca falou sobre experimentos...
Diferente de Oz e eu, Niall não usava tanto tecido. Acredito que ser uma fada espectral o faz não sentir as mesmas sensações térmicas que outras pessoas teriam. Ele franziu o cenho para mim, como se duvidasse das próprias ações anteriores.
— Bem, é uma parte delicada. Ninguém gostaria de falar que a Rainha de Cruel faz experimentos com as fadas e outras criaturas mágicas que consegue capturar. Além do que são boatos. Alguns corpos de nosso povo são encontrados um tempo depois de sua morte... Mas há seres que nunca são encontrados, já comentaram sobre a possibilidade de estarem fazendo alguma espécie de experimento. E não me olhe assim, obviamente não sou tão trivial, então não irei deixar suas pobres almas à mercê daquele povo — ele senta graciosamente em uma das cadeiras que estava poucos minutos atrás se olhando no espelho arredondado. — Só que, o que faremos é muito arriscado. É como cutucar uma colmeia com um simples e curto graveto. Entende?
— Concordo com Niall. Existe uma grande possibilidade desses boatos serem reais. É arriscado continuarmos com isso — Oz olhou de canto para mim e suspirou. — Mas se tem uma pequena chance de este plano funcionar, vai ser o começo de uma nova era para nosso povo, uma era de libertação. Não podemos arregar.
Fico olhando para o rosto de Niall, processando a nova informação que recebi como um golpe na boca do estômago, saindo do meu devaneio, dou um olhar de agradecimento para Oz, e começo a pegar minha bolsa para partir de viagem. Eles vão logo atrás sem pressa, mas com determinação a cada passo, antes de atravessar a porta da entrada da estalagem, Niall já havia desaparecido. O céu estava cinzento, como se ao invés de água fosse cair cinzas de dentro das nuvens. O cocheiro, com um cavanhaque pontudo e um grande chapéu nos recebe com um aceno de cabeça, abrindo a porta da carruagem para entrarmos e continuarmos o restante da viagem. Se tudo ocorresse bem, faltaria poucas horas para chegar até nosso destino. O Reino de Terralux.
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A carruagem chacoalhava sem pesar. Enquanto Oz me olhava de forma silenciosa. Não emitiu quase nenhuma palavra durante todo o tempo em que permanecemos ali sentados rumo ao Reino de Terralux. Não consigo imaginar como deve ser conflitante ir escondido para um Reino que mata seu povo sem piedade. Limpei o vidro embaçado pela umidade do ar. Chovia excessivamente durante quase todo o tempo em que estivemos ali, o que provocava diversos barulhos no teto da carruagem. O cocheiro que estava conduzindo a carruagem era de Arcadia, com a quantia certa poderia conseguir maravilhas. Olhando através do vidro vejo que estávamos percorrendo por uma densa floresta, ainda. Faltaria pouco para chegar nos portões do Reino.
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Reinados
FantasyAo que se pede, recebe. Ao que mente, na mentira viverá. Ao que é hipócrita, em uma vida hipócrita viverá. Ao que domina, dominado por seus atos será .