Reinados

XIII

Acordo com alguém batendo a porta. Levantando da cama em um pulo. Vou até a porta sendo inesperadamente recebida por várias mulheres segurando diversas coisas. O quarto que anteriormente era espaçoso perdeu esse rótulo, estando quase que completamente lotado de servas reais. De repente Nancy aparece com um largo sorriso no rosto, trazendo o vestido e então finalmente caiu a ficha que estou para me casar. Com alguém que não conheço ou ame.

— Pronta? Retire essa camisola e vista o vestido. Precisamos prepará-la.

— Preciso me arrumar agora? A cerimônia não irá começar somente daqui a muitas horas? — digo alarmada.

— Quanto mais cedo estiver preparada, mais deslumbrante estará em sua cerimônia de casamento, Milady. Agora ande logo. — Ela me empurra para trás de um provador sanfonado com várias estampas de flores. Coloco o vestido, entretanto não consigo fechá-lo totalmente pois minha mão não chegava ao todo dos fechos superiores da minha costas, pedindo ajuda para Nancy.

Diferente dos outros dias, não me senti de forma alguma deslumbrante naquele vestido. Me sentia pequena, como se estivesse fazendo algo que não deveria. Fiquei tentada a fugir. Meu corpo permanecia inerte, enquanto colocavam um sapato de salto nos meus pés — Marie já era alta, qual é a necessidade disso — E começavam a trançar meus cabelos em cascatas.

Passam maquiagem em meu rosto. Dando cores aos meus olhos, bochechas e lábios. O ferimento ficava quase que imperceptível coberto com essa maquiagem. Esses preparativos demoram horas e horas e quando finalmente quando acabam meu cabelo, colocam um véu com a base de tiara no topo da cabeça. Olho o resultado no espelho e vejo uma imagem nebulosa e totalmente desconhecida. Meu estômago embrulha.

Posteriormente sou informada, através de uma carta que o Rei Henrique, meu "pai" não poderia comparecer a cerimônia de casamento, pois se encontrava em grave estado de saúde, e com isso abro um pequeno sorriso que escondo ligeiramente.

Uma outra serva me notifica que toda a família real de Oblivion já se encontrava fora do Castelo, esperando já em um Templo religioso consagrado a Dioj. Muitos sacerdotes acreditavam que um casamento consagrado aos olhos de Dioj era sempre bem sucedido, já que nunca foi relatado nenhum divorcio. Infelizmente todos sabemos que nem tudo que está registrado é de fato real. A verdade é que muitas mulheres já tentaram se divorciar de maridos cruéis, mas não conseguiram. Não há relato de divórcios, mas em compensação os de morte...

Procuro não pensar nisso agora. Estou andando pelos corredores assombrados desse Castelo, o salto que estou usando provoca sons agonizantes no piso. Sou dirigida por Nancy até os Jardins Reais, onde encontro uma carruagem preta com corvos. O tempo hoje não era melhor do que os outros dias que estive presente aqui. Poderia falar que sentiria saudade deste lugar? Poderia, mas estaria mentindo descaradamente.

O cocheiro me ajuda a entrar na carruagem e depositar todo meu vestido para dentro dela. Sou levada até o templo, como estou ficando cada vez mais ansiosa e quase abrindo a porta da carruagem e fugindo do casamento, me seguro no encosto do meu assento. Vejo as mesmas ruas que vi na primeira vez que as irmãs de Andreas tentaram me matar.

A carruagem parou subitamente de modo que sou jogada de modo violento para frente. Só não bato a cabeça pelo fato de estar com a mão agarrada no encosto. O cocheiro abre a porta, estendendo a mão para me ajudar a descer — Levando em consideração que estou com esse salto horrível. Aceito — E dou de cara com um templo gigante. As portas estavam fechadas, mas conseguia escutar o burburinho na parte interna.

Começo a subir a escadaria pouco a pouco. Os dois homens que acredito serem sacerdotes do templo me entregaram um buquê de flores e posteriormente abrem a porta um lado cada. Vejo Lunar e Elise vestidas com vestido azul escuro — Pergunto a mim mesma se também tiveram ajuda de Nancy todo esse tempo — No outro lado do altar estava David e Mathias com terno preto e uma pequena flor amarela em seus bolsos. Considerando que os gêmeos ainda não adolescentes e poderiam causar confusão, o Rei e a Rainha os deixaram fora de cena, estando os quatro sentados em uma das primeiras fileiras, perto do altar.