XXI

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Escuto um barulho do outro lado da porta, mas não me movo. As forças não estavam mais no meu corpo, muito menos na minha mente. Não sei se é dia ou noite. Aqui sempre está escuro e húmido. Minhas roupas estavam estraçalhadas pelos inúmeros cortes e incisões feitas pelo cientista a mando da rainha.

Mesmo de olhos fechados, sinto uma luz súbita invadir o quarto. O que me deixou atordoada. Começo a tentar falar, mas a única coisa que sai são barulhos indecifráveis.

— Segura o outro lado, precisamos levantá-la.

— Ainda temos que buscar outra pessoa, a voz me falou...

— Uma coisa de cada vez, precisamos acordar a rainha primeiro. Depois cuidamos disso.

Sinto água molhar delicadamente meu rosto, me fazendo tomar um pouco de coragem para abrir, me deparo com um homem bonito e olhos calorosos.

— Ainda bem que está viva, rainha. Preciso que a senhora tente se levantar, sei que não está em condições, mas precisamos disso para resgatar seu amigo e sair logo desse lugar. Você entendeu?

Balanço lentamente a cabeça, tentando me levantar com a ajuda do estranho. Quando estou de pé, olho para a dona da segunda voz, que estranhamente me parecia familiar. Apesar do disfarce, olhando atentamente para seu rosto, dava para notar que era uma mulher com uma barba falsa...

Saímos do cômodo, indo para o corredor que conhecia muito bem, visto que vivia saindo para fazer os testes insanos que a rainha queria. Mancando vou até o caminho que aqueles estranhos me levavam.

— Como sabem que esse é o caminho certo?

— A voz me disse — A estranha relatou. — As vezes aparece uma voz, me dizendo o que devo fazer. Foi assim que conseguimos achá-la.

— Nial...

— Quem?

— Deixe... Vamos continuar o plano, enquanto tenho forças.

Atravessamos inúmeros corredores, por sorte vazios e sem guardas, quando finalmente paramos em uma outra porta. Conseguia sentir Oz, mesmo sem vê-lo. Será que ele estava bem? Ou tão mal como eu estou?

O estranho pegou um grampo de cabelo e conseguiu facilmente destrancar a porta. Seguindo para seu interior rapidamente. Ao se deparar com Oz, os dois não conseguiram disfarçar o rosto surpreso, por o homem ter em suas costas longas asas brancas. A estranha vai até ele, que diferente de mim já estava de pé, observando. Apesar de ter algumas feridas, não parecia muito grave.

— Quem são vocês? O que querem...

— Viemos resgatá-los. Mas não temos tempo para conversar, vamos.

Oz foi até minha direção, retirando os braços do estranho que me dava apoio e tomou seu lugar. Andávamos o mais rápido possível pelos longos corredores, até escutamos um barulho de duas pessoas conversando.

Após aparecerem, dando de cara conosco, os homens levantam as armas, mas segundos depois desabam no chão, sem motivo aparente. Nos deixando confusos. Então ele apareceu.

— Sentiram minha falta? — Disse Nial, com um sorriso vigoroso olhando para os guardas no chão e posteriormente para nós. — Devo dizer que sua aparência já esteve melhor.

— Quem é ele? — A estranha questiona. — Espere... Você era a voz?

Uma onda de fúria invade meu ser, que me faz sair dos braços de Oz e ir mancando até ele pronta para enganá-lo.

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