XXI. SERPENT

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Caráter é aquilo que você é quando ninguém está te olhando.”

- Epicuro

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21. Serpente

C H R I S T O P H E

Pater noster, qui es in caelis

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Pater noster, qui es in caelis

Sanctificétur nomen tuum:

Advéniat regnum tuum:

Fiat voluntas tua, sicut in caelo, et in terra.

Panem nostrum quotidiánum da nobis hódie:

Et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris.

Et ne nos indúcas in tentatiónem.

Sed líbera nos a malo.

Amen.

Eu rezava.

Minhas mãos suspensas no ar, o coração nas alturas.

Rezava para obter uma luz, para ser ouvido; rezava porque apesar da coroa, eu não era nada — nada mais do que um grão de areia, uma ovelha perdida tentando encontrar-se em meio ao rebanho.

Eu rezava porque necessitava sentir que não estava sozinho, que a presença de Deus estava dentro de mim; porque o amanhã estava escrito, e eu precisava cumprir com a vontade do Criador.

Eu rezava porque um bom rei protegia seu povo. E diferente de meu pai, eu queria muito ser um bom rei.

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— Ah, graças a Deus! Você está aí!

Eu estava de joelhos para o altar da catedral do palácio.

Levantei-me para olhar Carméle, que fez o sinal da cruz ao se aproximar.

— Eu precisava... — comecei, perdendo-me nas palavras —, não sei... de uma direção, talvez.

Ternamente, sua mão tocou meu rosto.

— Eu sei, querido. Eu sei.

Desde sempre, Carméle fora a pessoa que eu mais amara na vida. E seu toque, na maior parte do tempo, acalmava por ora a fera que habitava dentro de mim.

Mas naquele momento, não. Nada seria capaz de me acalmar.

— Eu estava com Amalie, procurando por você na fortificação.

Levantei uma sobrancelha.

— Amalie também procurava por mim?

Minha pergunta fez com que a mulher abrisse um sorriso.

— Ela foi me ajudar quando ouviu meu grito. Por causa daqueles seus pássaros odiosos.

Corvos. Só podia ser corvos. Carméle os odiava; tinha pavor deles.

— Eu estranharia caso ela não se metesse em uma situação assim. — Em qualquer situação, completei em pensamento.

Amalie tinha a habilidade de envolver-se em confusão com aquele temperamento.

Fora isso que a trouxera até mim, afinal.

— A menina tem vigor, Christophe. Você precisa admitir.

Óbvio que eu não admitiria. O vigor de Amalie era um dos motivos para os pensamentos profanos que eu havia tendo com ela. Portanto, não mencionaria aquilo enquanto estivesse dentro da catedral.

— Se importa de rezar comigo? — pedi.

Carméle meneou a cabeça, tocando meu braço para que eu a conduzisse.

Fazíamos muito isso quando eu era pequeno.

Ajoelhamos juntos frente ao altar, meu braço carinhosamente cruzado ao seu.

Eu sabia, sabia desde o início, quando Gaston batera na porta de meu quarto — horas após minha conversa com sua filha — com uma mensagem contendo o carimbo oficial de Collonges-la-Rouge.

Pude ver o destino acontecendo.

O Reino Franco seria devastado.

Na caixa nas mãos de meu conselheiro, a cabeça de uma serpente jazia empunhada em uma estaca.

O recado fora claro e objetivo, sem margem para erro:

Morte ao rei.

➵ O primeiro trecho do capítulo é a oração Pai Nosso em latim

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O primeiro trecho do capítulo é a oração Pai Nosso em latim.

Vossa Majestade, o Rei ✠ Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora