Só me lembro da vaga lembrança de minha mãe caída sobre a areia no parquinho. Eu tinha quatro anos quando tudo aconteceu, mas foi tão assustador que me lembro bem de como fui tirada da minha mãe.
Além de lembrar de seus olhos desesperados tentando me proteger, lembro-me do meu nome e de onde vim. O hino nacional brasileiro jamais saiu de minha cabeça, as memórias de minha mãe me ensinando a canta-lo por ela ser professora em colégio militar. Era tudo o que eu conseguia e precisava lembrar, brasileira, raptada, filha de professora.
Dormi não sei por quanto tempo, até acordar num balcão abandonado. Dois homens me vigiavam, e depois de muito tempo, levaram-me para outro local. Meus olhos estavam sempre vendados.
No inicio foi deveras assustador, só que com o tempo, minha única preocupação era saber se minha mãe havia morrido naquele fatídico dia.
Tempos passaram, e com uma certa idade onde meus seios estavam aparecendo, eles me mandaram para cuidar de uma casa onde cerca de cinco homens moravam. Eu não podia sair ou ver outras pessoas. Eu mal sabia falar. Realmente, eu era um bicho. Não sabia onde estava, e tudo o que eu sabia falar era ouvindo as pessoas ao meu redor. E por incrível que pareça, falar português estava cada vez mais difícil, até porquê as pessoas que me rodeavam claramente não eram brasileiras.
O frio era constante e quase sempre eu gripava.
Meu maior medo aconteceu quando eu tinha por volta dos quatorze anos. Foi o que o senhor Hong disse que eu tinha de idade. Eu comecei a sangrar por minhas partes intimas e achei que morreria, até que uma mulher apareceu. Ela disse que eu estava menstruada e durante todo mês, aqueles sangramentos ocorreriam com frequência.
Eu não queria aquilo. Não queria viver aquela vida.
Senhor Hong por um tempo, mesmo que do seu jeito me protegeu por um tempo. Não deixava que os outros me espancassem tanto, não deixava que os homens me tocassem. Acho que ele tinha medo de me ver morrendo.
No fundo, eu achava que pelo menos o senhor Hong gostava de mim, deve ser pelo fato dele ter me criado.
Com dezessete anos eles me mandaram para o bordel, sempre me impediam de ver onde estavamos indo, não me permitiam estudar, não me permitiam falar com outras pessoas. Eu era muda mesmo sabendo falar poucas palavras. Durante três anos trabalhei para a senhora Lee lavando as roupas das outras garotas e preparando suas refeições, limpando os quartos quando os clientes acabavam. Sempre me perguntava o que ocorria lá dentro, e num belo dia, eu cheguei da descobrir da pior maneira possível.
A senhora Lee me disse naquele dia pela manhã, que eu não iria trabalhar mais na limpeza. Ela disse que eu havia sido promovida a um cargo mais legal. Ela me fez tomar um longo banho e me deu uma roupa diferente. Deixava meus seios quase todo a mostra, além de não proteger meu bumbum. Eu estava praticamente pelada e morrendo de vergonha.
__ Você é uma das poucas diferentes que temos aqui. Os clientes ficarão loucos por você. Pagarão muito dinheiro por sua virgindade.
E foi naquele momento que descobri o porque do senhor Hong me proteger. Entendi o que as pessoas faziam ali, e eu não sabia como escapar, eu só queria sobreviver.
Durante quase duas horas passei bolando um plano para fugir dali. Eu conhecia aquele lugar facilmente por ter cuidado da limpeza do local, isso poderia me ajudar. Mas sabia também que se fosse pega tentando fugir, eu seria morta.
Não havia ninguém com uma tonalidade de pele igual a minha naquele lugar. Era facil notar que eu estava fugindo se me pegassem.
__ Essa negra está custando o olho da cara. Mas vai valer a pena.__ Um velho alto e bem magro disse.
O nojo rapidamente me fez querer vomitar. Eu não iria aguentar fingir, e eu precisava manter o foco. O homem era bem rico, pois facilmente caminhou em minha direção. Então eu o segui.
Torci para que ele não fosse forte, geralmente velhinhos nessa idade aparentam ser fracos, mas são fortes.
__ Lee me disse que você é nova.__ Ele falou retirando o balzer.__ Fique calma, vou ajuda-la. Vai gostar.__ Ele se virou para retirar a calça.
Avistei o vaso de barro com flores na escrivaninha cheia de camisinhas. Não pensei duas vezes, quebrei o vaso em sua cabeça. O veçho desmaiou em cima da cama.
Tenho duas horas de vantagens, preciso fugir antes que descubram. Com a chave da passagem secreta em mãos, saí do quarto sem que ninguém percebesse. Peguei uma muda de roupa quente e calcei meus pés com uma sandália de dedo rasteira.
Pelos fundo estava tudo vazio e dava para um campo para plantações na primavera. Saí correndo mesmo com o frio me matando, morrer de frio é bem melhor do que morrer nas mãos dessas pessoas.
#Continua
VOCÊ ESTÁ LENDO
Kim Namjoon - UM RAIO DE SOL
FanfictionE se no auge do campeonato onde todo o planeta sabe quem são os garotos do BTS, alguém vivesse num mundo paralelo a eles? De uma vida pobre e destruída, Savanna tentava escapar da maldade humana. Até que se bater com Namjoon muda tudo. Qual a possib...