Capítulo 8: Essas coisas todas

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Tudo o que queria era que lhe confirmassem o que é ou não um fato. Sua mente estava num estado embaralhado e angustiado, era algo que nunca passou antes — somente pelo o que lembrava.

Assim, se deitou novamente, olhou para teto, onde buscava organizar tudo — como também fazia no orfanato.

"Pode ser coincidência, mas um sujeito estranho antes de um evento assim... Se isso fosse um filme, com certeza iria só ignorar. Ficarei atento se vê-lo novamente".

— Você tá bem? Tá mais pensativo do que o normal — disse a menina preocupada.

— Sim. É só muita coisa para processar ao mesmo tempo, por algum motivo, sinto que não foi normal.

— Normal? Mas se fosse "normal', não seria chamado de "acidente" — respondeu Nirda, com um sorriso.

— Tá bom, tá bom...

Virou seu pescoço novamente para Will, e respirou fundo. Não queria acreditar nessas coisas todas, mas iria ter a convicção de achar algum motivo para isso tudo.

— Tem só nós três aqui? — perguntou Mark, ao voltar-se para Nirda, ainda deitado.

— Não. Tem uma enfermeira, a recepcionista, dois seguranças e mais um médico aqui no hospital. Então, eu e a enfermeira trocamos de lugar.

— Como assim?

— Ela estava tão cansada, assim, eu decidi fazer um acordo com el...

— Ela simplesmente deixou uma criança cuidar de alguém internado? — disse Mark, ao erguer o corpo, novamente, assustado.

— Ei! O que devia fazer isso tá aí do seu lado babando. A enfermeira não estava bem, então fiquei aqui pra olhar — respondeu com a cara fechada.

Apesar da decisão peculiar, sabia que, naquela hora, ninguém do orfanato pudesse estar lá. Mark e Will era quase de maiores, com mais uma enfermeira e um médico para monitorar, não deveria ser problema deixá-los ali durante a noite.

Depois respirar fundo mais uma vez, olhou para janela, onde tentava ter uma noção de que horas eram. "Com certeza não anoiteceu agora, já faz um tempo".

— Que horas são?

Nirda apontou para um relógio que havia na parede, estava quase camuflado com a escuridão do quarto. 04:27 era o horário, Mark novamente olhou para Nirda e certificou que a menina não estava cansada.

— Obrigado...

— Por nada... é o mínimo que deveria fazer pelo meu irmão — disse depois de soltar uma risadinha.

Mark soltou um leve sorriso, significava gratidão por todos os cuidados, mesmo que não era recomendado ter uma criança como vigia.

— Vá dormir, eu já estou bem — disse em tom suave.

Ela pegou umas das camas ali ao lado, e antes que terminasse de se acomodar, Mark disse:

— Não conte para o Will que acordei.

Nirda respondeu com um sorriso singelo, os dois já sabiam o que poderia acontecer se ele soubesse que Mark chegou a acordar enquanto dormia.

Depois disso, Nirda adormeceu, porém, o outro ainda estava desperto — que poderia ser explicado pelos três dias que estava adormecido. Ficou ali, se acomodou na cama e encarou o teto, onde franziu o cenho para cada dúvida que surgia em sua mente. Em todas essas questões, sempre dizia que não se deixaria esquecer, tentaria achar uma resposta para isso, afinal, era algo tão fantasioso; chamas de cor ciano, que curam e não machucam.

Pôr do sol (Rascunho do limbo)Onde histórias criam vida. Descubra agora