Capítulo 12: Motivo especial

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Uma madrugada silenciosa e fria, em meio a uma cidade tranquila, onde existia um sujeito que andava em meio a rua de uma praça vazia; passos silenciosos, respiração calma e um rosto, também, estranhamente calmo: Dourres.

Não se intimidava com o cenário, nem mesmo com o breu oscilante, que era causado por um poste, perto de um beco.

— Você não cansa de dar problema? — Se aproximou do poste.

Olhou atentamente para ele, de cima a baixo, com curiosidade.

Desafiava a escuridão em frente ao beco, como se já soubesse o que tinha nele.

Estendeu a ponta de seus dedos ao poste e, quando o tocou, eletricidade chegou a se conduzir pelo seu corpo, até se focar e intensificar em sua mão; "Permissão" pensou, fez o poste acender de uma vez por todas.

— Certo, agora eu tenho certeza que você vai funcionar, eu diria que gastei bastante para te deixar satisfeito.

Quando a luz finalmente se estabilizou, revelou o final do beco.

No final havia um estranho desenho, que estava centralizado na parede do fim.

— Cadê a criatividade deles? Isso tá estranho de mais — comentou tranquilo, enquanto olhava atentamente.

Era um desenho de uma estrela tanto conhecida por "Estrela sorridente", que se referia a um grupo criminoso, onde envolviam desde vagabundos a pessoas do alto poder, fortalecendo uma hierarquia envolvendo crimes e qualquer coisa baixa que ofereça poder ou respeito para os contatos certos.

— Eu devia realmente saber disso... Bem, acho que vou esperar eles.

Então, decidiu sentar ali ao lado do poste na calçada, mas sua espera não durou muito — nem mesmo dez segundos.

Percebeu a presença de alguém acima de um prédio, sua silhueta era estranha, tinha um tecido voando com o vento, que lembrava um cachecol, porém, não olhava diretamente, queria saber se estava ali para vigiá-lo.

— Espero que não demore muito...

— Relaxa, a gente já tá aqui! — disse um homem, que se aproximava pela rua.

Esse homem estava acompanhado de mais três indivíduos, encaravam Dourres com um olhar de desprezo, mas ele não levantava nem a sobrancelha, invés disso, só se levantou e encarou de volta.

— Acho que não preciso perguntar o motivo de vocês es...

— Você não tá em posição de dizer nada! — Apontou o dedo próximo do rosto de Dourres.

— Você acha que vai ficar legal se achando o tal do agentezinho fazendo rondas de madrugada? Nem a polícia tem tanta vontade de fazer isso. Eles nem precisam fazer nada, quem dita o que fazer somos nós! Digamos que, vou só colocar você no seu lugar, e torça pra que... não seja no inferno — continuou.

Apenas olhava o discurso do sujeito estranho em sua frente, tranquilamente.

— Nossa, quando achei que vocês iriam responder rápido, não achei que seriam diretos. Vamos lá meu "casa" me diz, você é peão de quem? — Balançou as mãos.

O homem puxou um canivete dos bolsos, onde deixou claro sua tatuagem da estrela nas "costas" das mãos. Então, se aproximou dele e começou a passar de leve o lado não afiado da faca pelo pescoço, enquanto dizia:

— Me diz... Se você se ajoelhar e me fazer um favor, eu finjo que não te vi hoje...

O homem ficou lá com um sorriso bizarro esperando uma resposta. O outro não se intimidava nem um pouco, e, depois de segundos de silencio, simplesmente, disparou um soco em um piscar de olhos na barriga do sujeito, o que fez o mesmo cuspir sangue enquanto ajoelhava no chão.

Pôr do sol (Rascunho do limbo)Onde histórias criam vida. Descubra agora