Capítulo 3: Perigo iminente

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O Indivíduo chegava cada vez mais perto.

Sentado na cadeira, fingiu olhar ao redor, mas estava com ele ainda na sua visão periférica. A cada passo que deu, gerou um calafrio ainda maior, sentiu uma aura de perigo, isso o alertava a ponto de o fazer arrepiar cada vez mais.

Continuou a tentar ficar calmo enquanto observava.

Atravessava o pátio enorme, sua aparência era mais clara com a distância que diminuía gradativamente, tinha cabelo amarelo-claro com uma franja cinza, era forte e aparentava estar ótima forma, mas a sua pele se assemelhava como a de um homem mais velho. "É só o pai de alguém", pensou, ao apostar tudo nessa alternativa. Dessa maneira, o sentimento de alerta o consumia por dentro, de forma tão familiar e aterrorizante.

"Não... não é... não é não", gritou a voz como se o respondesse. Algo falava com ele, mas não o alcançava, mesmo com um som tão gutural.

Sua pupila contraia cada vez mais conforme a aproximação e mais nervoso ficava, até que sem querer, fez contato direto com o desconhecido. "Cadê o Will?", tentava buscar conforto em sua mente, entretanto, era inútil, foi encurralado por todas as direções por um sentimento que nunca havia sentido. Assim, prosseguiu com o olhar direto. "É apenas um homem... apenas... um".

Com o corpo travado na mesma postura, forçou seu rosto para manter a expressão firme, enquanto sua mente sofria com o turbilhão.

— Oi! Tudo bem? As aulas de hoje já acabaram? — perguntou o indivíduo, de forma amigável.

Assim, disparou duas perguntas que o tinham feito engolir saliva.

— O-oi, as aulas não acabaram... E-eu fui só... liberado mais cedo — respondeu vacilante.

— Ah, entendi!

Colocou a mão atrás da cabeça enquanto esboçava uma expressão de alívio e soltou um singelo sorriso. Usava uma camisa estampada com figuras de anime junto a uma calça comprida e com sapatos chiques, combinações muito contraditórias.

— Posso me sentar junto a você? — perguntou suavemente.

— Pode sim.

Calmamente puxou uma cadeira próxima e a deixou ao lado para se juntar. Até agora nada havia de estranho. O outro, que estava em alerta momentos antes, começou a questionar se era apenas equívoco.

— Sabe, eu estudava aqui antigamente... vim ver como as coisas andam por aqui — comentou o indivíduo, ao observar ao redor.

"Ele realmente é só alguém velho", pensou, aliviado, como resposta.

"Não...não", a voz escondida nas profundezas de sua consciência berrava que ainda havia perigo.

— Pelo visto mudou muita coisa, mas, perto das férias, ainda continua agitado — continuou depois de ver outros jovens correr.

Mais uma vez a sua personalidade se provava o oposto pela qual esperava, parecia feliz e sorridente, apenas revivia memórias antigas e compartilhou uma delas de forma humilde.

— Afinal, qual é o seu nome?

— Meu nome é Mark!

— Mark?... Meu nome é Réviz.

Olhou-o como todo, seus olhos estavam agora determinados.

— Prazer em conhecê-lo, Mark! — continuou.

A mão direita se ergueu para perto como cumprimento, logo em seguida, as mãos dos dois se encontraram.

Sentiram um aperto. Uma faísca saiu das mãos, e energia como em uma descarga fluiu por um instante.

Pôr do sol (Rascunho do limbo)Onde histórias criam vida. Descubra agora