Capítulo 33: Caminhos Entrelaçados

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O jovem simplesmente desistiu, não adiantava buscar explicações claras para quem via um único objetivo, que não era explicar tudo. Olhou em volta e percebeu a situação normal; seja lá o que houve, foi concluído.

— Tá... — Suspirou, arrumando sua blusa. — Beleza, ótimo, incrível, sensacional...

Continuou a dizer adjetivos aleatoriamente, queria organizar as ideias em sua mente, mas todas apontavam para um caminho conturbado e perigoso.

— Se entendi, querem minha ajuda, não é?

— Humrum — soltou Luri antes de fechar a geladeira.

Como assim? Levar alguém como Mark para uma situação de investigação militar numa área fora do Segundo Setor? Questionamentos que odiava possuir. Simplesmente abaixou a cabeça, decepcionado com a resposta; estava certo que sua desconfiança constante nunca iria parar.

"No final, vou ter que me virar". Concordou em se tornar um terceiro nível para salvar pessoas, para tornar sua energia útil, para manter quem está próximo seguro.

"Proteger... eles disseram". Sem peso. Essas palavras não tinham peso de verdade. Estava movido por uma motivação digna de animes quaisquer que via. Podia mesmo fazer isso? Viu seu irmão quase morrer duas vezes e quase morreu em um treinamento esquisito. Era mesmo suficiente? Sentiu impulsos instintivos que o levaram a concluir essas situações. É possível, mesmo?

Um assunto que definia sua vida agora. De qualquer forma, ergueu o rosto, apontou para o pulso e, exausto, comentou:

— Pelo menos, me digam como tira esse treco aqui.

Luri inclinou o rosto, confusa. Percebeu um comportamento incomum somado à blusa que tinha amassos na região do pulso.

— O rope dart?

Com os olhos fechados — como se meditasse —, Réviz ficou ligeiramente intrigado. Era uma pergunta que ele também queria saber.

— Ah, é só deixar a ignição bem pititica e dizer "solte".

Fez como ela descreveu. O instrumento caiu no chão, e o som de aço ecoou pelo andar, deixando agora a arma visível completamente.

— Uai, me disseram que tinha que registrar energia e não sei o que lá — disparou, intrigado.

— Ha! — Ela balançou a mão como se espantasse algo. — Isso é só do relatório de um protótipo. Precisavam registrar minha energia também pra testar, colocaram a do Réviz como padrão só pra evitar que alguém sem energia fizesse o que quiser e se prendesse nele. — Ela levantou o queixo, andou até seu colega e deu um tapinha em seu ombro. — Você já tinha falado pa ele, né?

— S-sim, eu disse a ele. — Seu estado zen foi destruído, seu rosto desmanchou em angústia da escuridão profunda de um oceano desconhecido. Pela primeira vez em muito tempo, ficou com vergonha de si mesmo.

O outro deu um ligeiro sorriso. Sempre notou um ar de que os dois se completavam, não no sentido romântico, mas em tarefas, que sempre se concluíam bem juntos — devido à isso, seu pai sempre deixou os relatórios para ela, dando olhada só por curiosidade em um ou outro; entretanto, ela ainda não sabia disso.

...

Mais uma vez, ficou cultuando o teto em meio à noite, virava de um lado ao outro e do outro voltava e continuava. Não conseguia dormir.

Viu seus irmãos dormirem tranquilamente ao seu lado. Nirda, que passava os dias animada e até ouviu que ela se perdeu após correr pela instalação, tinha seus cabelos lisinhos e brilhosos num sono muito bom. Will, sem qualquer surpresa, estava com trajeto de uma queda livre ao temido chão, que já acordou nele muitos dias.

Pôr do sol (Rascunho do limbo)Onde histórias criam vida. Descubra agora