|nove|

220 27 22
                                    

Não sei como vou nesse encontro

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não sei como vou nesse encontro.

Não é apenas pelo fato de ter um corte considerável na minha perna esquerda que torna andar em linha reta sem mancar impossível. Não sei como vou vê-la sem querer apenas acabar com meu pequeno plano em segundos. Tenho que tentar separar as duas.

A noite de ontem foi mais do que inacreditável. As mensagens que recebi de Zeus são tantas que deixei meu celular desligado a manhã inteira. Ela não é apenas ambiciosa como eu. Ela é suja e cruel a ponto de fazer qualquer coisa apenas para ganhar.

Não vou mentir que estou felizmente impressionado.

Estaria ainda mais feliz se isso fosse feito com qualquer pessoa que não fosse eu. Estaria admirado positivamente pela sua coragem. Principalmente já que eu hesitei alguns bons segundos antes de entrar na rua. Ela é destemida e a visão daquela jaqueta vermelha provavelmente causaria um derrame cerebral em mim. Isso apenas me faz odiar-lá mais.

Fecho o livro encarando a capa azul. Comprei o segundo livro da trilogia, O Rei Perverso. Odeio admitir que não foi apenas para ter mais um assunto com Summer. Admito que foi particularmente por sua frase ao me ouvir falar que não gostei.

"A vida já é real demais."

Acho que é a primeira vez em muito tempo que preciso pensar por alguns segundos a mais sobre algo que alguém falou. Escuto diversas aulas teóricas de contas matemáticas e problemas quase impossíveis de serem resolvidos, mas nessa pequena frase fiquei perdido. Principalmente no jeito que seus lábios se mexeram ao falar. Na sua voz mais grossa que o normal parecendo que estou falando com Nevasca.

No final das contas, estou falando com ela.

Nunca li algo apenas para sair da realidade. Lia pelo conhecimento. Lia pois sei que esse é o jeito que posso me desafiar de um jeito fácil. Lendo e lendo. Gosto de ler apenas pelo desafio. Porém, quando reli Príncipe Cruel apenas para sair da realidade foi como abrir os olhos. A vida realmente é real demais.

Olho para o relógio. Está chegando no final do dia. O alvorecer escurece o meu quarto com sua luz pelas cortinas. Estou atrasando a decisão de apenas encontrá-la. Sei que nunca dei a data ou o horário. Precisava desse elemento da surpresa na manga, mas também precisava de um pouco de tempo. Tempo para me recompor.

Olhando capa a capa do livro decido que está na hora. Abro o caderninho na minha mesa vendo seu cronograma anotado. Sei onde ela está nesse momento e sei que está trabalhando na biblioteca da cidade. Deve estar mais vazia que o normal. Vai fechar em algumas horas e eu poderia conversar com ela por alguns minutos antes de ir para as corridas.

Levanto da cama decidido até sentir a dor na minha perna. Por alguns segundos penso em desistir, mas lembro a mim mesmo do prêmio maior. Tirar Nevasca da estrada.

Coloco a camisa branca dobrada na cadeira e desço as escadas. Tomo o cuidado de não ir com minha moto e pegar o carro de Ian. Arrumo as coisas para parecerem ser minhas e deixar o ambiente menos assustador.

Sempre CorrendoOnde histórias criam vida. Descubra agora