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Por alguns segundos, eu estava voando

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Por alguns segundos, eu estava voando. Não digo isso por estar em cima de uma moto sentindo o vento ajustar minhas roupas. Digo isso pelas memórias. Estava dentro de um quadro surrealista de René Magritte. Me sentia como em um sonho, flutuando pelas ruas e pelos cabelos macios de Aaron. Era surreal.

Chego ao fim da corrida sem me importar com o resultado, quando entro na barraca de Zeus e recebo o dinheiro é como receber apenas embalagens de chiclete. Como se nada disso importasse. Relembro e relembro como foi sentir as maõs dele em minhas bochechas até mesmo em meus peitos. Relembro sua voz. Relembro sua postura. É simplesmente surreal.

Abro meu pequeno caderno pegando um lápis que achei perdido em cima da mesa de Zeus. Começo a rabiscar uma estátua grega. Forte como ele. Com os olhos virados para baixo, ele é feito de números e seus cabelos são feitos de códigos. Ele está flutuando em um mar que desejo pintar de vermelho e sentada em seu ombro tem uma pequena borboleta usando um laço.

Essa sou eu.

—Nevasca.—ouço meu nome ser chamado e me viro rapidamente fechando o caderno nas mãos. É Ares.

Reviro os olhos.

—O que voce quer?—o pergunto abaixando o visor para que ele não veja meus olhos.

—Já pensou em ser menos grossa e sorrir mais? Nunca se sabe o que alguém pode ter a oferecer.—sua voz modificada está... diferente. Não sei explicar, apenas está.

—Não tem nada que você tem que eu queira.—viro meu rosto levando o pequeno caderno a bolsa vermelha onde guardo minhas coisas.

Ele estala a lingua e não sei o que esperar, mas ele se aproxima se apoiando na moto. Imediatamente olho para suas mãos pensando que ele estaria arranhando algo novamente, mas apenas encontro a luva preta extremamente perto das minhas mãos.

—E eu aqui pensando que você estava procurando um carro.—ele fala com desdém encarando meu visor. Sua mão livre chega perto do meu visor e instintivamente eu seguro seu pulso fortemente. Ele ri.—Não vou fazer nada, floquinho.

Seus dedos encostam no meu visor o levantando. Agora ele está encarando os meus olhos. Vejo suas íris escuras quase mudando de cor dependendo do lugar onde eu estou. Seus olhos ficam menores com o sorriso escondido pela máscara.

—Pensei que você não estivesse disposto a me dar o seu carro.—me afasto um pouco sobrecarregada com o jeito que ele está perto de mim. Engulo a seco.

—Não estava, mas agora estou.

—O que o fez mudar de ideia?—o pergunto mordendo os lábios.

Sempre CorrendoOnde histórias criam vida. Descubra agora