Tem momentos do meu dia que me sinto um pouco psicopata. Pessoas já me disseram isso. Já me disseram que minha frieza e talvez egocentrismo me da um ar de psicopata. Essas palavras as vezes entram em minha mente fazendo duvidar de mim mesmo. Além do mais, é traço de um psicopata não ter relacionamentos profundos, certo? É traço de um psicopata não reconhecer emoções dos outros ou até mesmo minhas, certo?
Mas, mesmo assim, sei que não sou um psicopata.
Se bem que ficar assistindo Summer dormir é um traço bem psicopata. Porém, tenho meus argumentos já que ela está deitada na minha cama, no meu quarto, usando minha camisa. Para onde mais eu iria? Ficar lá embaixo com todos os bebados se recuperando da noite anterior e com uma atitude insuportável? Prefiro assistir uma garota bonita dormindo com meus lençóis.
E com a minha camisa. Já mencionei minha camisa?
Seus cachos estão bagunçados e muitos estão desfeitos enquanto ela vira e revira no meu travesseiro. Suas pernas enrolam nos lençóis finos deixando áreas de pele descobertas. Tento não olhar para essas partes para talvez me sentir menos psicopata. Ao invés disso, olho para meus tênis secando no sol da janela. Depois que Summer vomitou em meus pés na noite passada eu tive que ajudá-la a chegar em um estado menos deplorável. Quando disse o que disse, me preparei para o pior, mas não cheguei nem perto de me preparar para um vômito diretamente em meus pés. A ajudei a limpar as roupas e dei uma camisa minha. O peso das palavras que disse continuam em minhas costas.
Eu estou completamente perdido. Tentando não olhar para suas pernas nuas, tentando não olhar para meus tênis e tentando não olhar para minha própria mente completamente confusa.
Também tento não olhar para sua bolsa cuidadosamente apoiada em minha mesa. É uma ótima oportunidade para achar informações. Uma ótima oportunidade para conseguir mais coisas sobre Summer. Estalo meus dedos me perguntando o que é pior: olhar para ela dormindo ou mexer por suas coisas.
Sim, a opção de apenas sair do quarto não existe.
Suspiro levantando da minha cadeira tentando fazer o menos de barulho o possível para não acorda-la. Encontro a bolsa preta e brilhosa e a abro silenciosamente. Dentro dela, encontro seu celular com uma fita atrás com um número e em cima escrito: chamar em caso de emergência. Imagino que seja de sua irmã. Tem remédios e mais remédios. Um único lápis. Um spray de pimenta e suas chaves de casa. Nelas, há um chaveiro com uma pintura famosa e outro com um pequeno frasco com tinta... verde? É uma cor que não consigo muito bem definir. Tem um pouco de cinza, um pouco de branco e azul e... É uma cor estranha.
A bolsa começa a vibrar em minhas mãos. Sinto o vidro escorregar dos meus dedos antes de conseguir segura-lo. As chaves finas e pequenas escorregam por meus dedos até caírem com um baque alto no piso de madeira. Não sei qual barulho é mais alto. O toque alto de uma música extremamente dançante ou o meu coração acelerando cada vez mais ao perceber que quebrei o pote com uma tinta misteriosa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sempre Correndo
RomanceSummer Coffey e Aaron Bright vivem vidas duplas. Se conheceram como Nevasca e Ares, participantes de corridas ilegais e rivais pelo primeiro lugar. Desde que se viram, sabiam que não tinha jeito, sempre teriam objetivos conflitantes. Participando de...