Espero que Aaron não consiga perceber o quanto meu rosto está pálido. Desde que entramos no museu, estou segurando uma grande quantidade de vomito que sobe pela minha garganta e sua pelo meu pescoço. Na verdade, senti a primeira ânsia quando ele colocou a maldita mecha de cabelo atrás da minha orelha. Não ousei encostar nela desde que seus dedos a encontraram. Estou compensando meu enjoo com palavras. Tento tranformar meu vômito nisso. Tento captar o máximo de detalhes para que consiga apenas tagarelar, tagarelar e tagarelar. Entretanto, cedo ou mais tarde vou ter que entrar no banheiro e colocar minhas tripas para fora.
Pelo menos, Aaron parece bem distraído por qualquer coisa que falo. Sempre fazendo perguntas sobre onde estou vendo tudo mesmo que esteja apontando.
Desde a primeira vez que vi Aaron hoje até agora, tenho a sensação de estar em alguma pegadinha. Seus cabelos estão perfeitamente penteados e seu queixo cheira a espuma de barbear. Sua blusa social está apertada nos ombros mas larga nos braços. Tudo sobre ele está perfeito. Desde o pequeno espaço de pele que vejo pela gola até os tênis perfeitamente limpos.
Estava tagarelando sobre os pisos mais escuros do que outras partes em nossos pés quando uma garota de mais ou menos vinte anos nos chama para a cabine. Aaron parece reconhecê-la e segura em meu braço fortemente por alguns segundos, mas logo volta a andar.
—Aaron! Raro te ver por aqui.—A garota me ignora completamente abrindo um sorriso levemente falso enquanto masca o chiclete de um jeito agressivo.—Nunca me ligou de volta depois de...—seu olhar se direciona para mim. A garota coloca rapidamente a mão no braço estendido de Aaron no balcão.— Ah, você sabe.
Sinto o corpo de Aaron enrijecer. Sua mão sai de meu braço subindo pelo meu ombro até me abraçar pelo pescoço. Sinto seu perfume masculino de menta e o calor de seus músculos. Ele poderia ter escolhido outro lugar que não seja meu pescoço suado para apoiar o braço. Engulo um pouco mais de enjoo.
—Estou aqui para resgatar aquela reserva, lembra?
—Como poderia esquecer.—ela abre um sorriso e começa a digitar em seu computador com as unhas de gel.—Aqui está: duas reservas no nome de Aaron e Ivan.—ela me olha de cima a baixo.—Nome engraçado para uma garota.—Aaron usa sua mão livre para apertar as temporas com impaciência.—Às sete horas para a estreia da exposição de Harold Schneider, certo?
—Exatamente.—Aaron massageia meu ombro. Agora, ele está dormente e meu estômago se revira cada vez mais.
—Aproveitem a exposição. Cuidado com esse daí, querida.—A última fala é a primeira vez que ela fala diretamente comigo na interação inteira.—Próximo!
Aaron tem seu andar mais pesado e sua respiração mais bufante. Com certeza, está irritado. Mordo meus lábios tentando não perguntar quem era. Não quero parecer ciumenta. Porém, uma das poucas coisas que é maior do que minha ansiedade é a minha curiosidade. Sou de peixes, afinal.
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Sempre Correndo
RomanceSummer Coffey e Aaron Bright vivem vidas duplas. Se conheceram como Nevasca e Ares, participantes de corridas ilegais e rivais pelo primeiro lugar. Desde que se viram, sabiam que não tinha jeito, sempre teriam objetivos conflitantes. Participando de...