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EPISÓDIO 14
O SILÊNCIO
CHEGA AO FIM————————————
"O tempo é uma coisa estranha, quando se passa todos os dias fazendo a mesma coisa, é como você estivesse preso em um loop infinito e os segundos, minutos e horas passam rápido demais, até você não conseguir acompanhar, até tudo se misturar um com o outro.
Continuar vivo pode ser meio difícil."
CHARLOTTE CARTER nunca foi, em hipótese alguma, uma criança que adultos conseguiam lidar com facilidade, não só por ter usado a petulância como aliado na maioria das vezes, mas por ter se acostumado com o ato de se esconder em lugares difíceis de se achar quando se sentia sobrecarregada demais, uma desculpa perfeita para ter um momento de silêncio, onde poderia ficar sozinha, uma coisa que, sem dúvida, deixava Beatrice e Jonathan totalmente preocupados a procura dela.Entretanto, Charlie gostava de ficar sozinha, principalmente porque outras crianças nunca hesitavam antes de jogar piadas nada engraçadas na direção dela, as quais Gus ameaçou contar para os pais e que bateria em algum daqueles pirralhos se aquilo continuasse.
Isso não aconteceu, não pelo pedido dela de que ele não fizesse, porque Charlie não se importaria muito de ver o irmão batendo naquelas crianças, o que aconteceu mesmo foi que ela cresceu para se tornar aquela pessoa de atualmente, a língua afiada e zero vergonha na cara fez a ação de bater de frente com aquelas crianças uma atividade engraçada.
E apesar de não ser fraca, de estar sobrevivendo dia após dia, ela ainda se lembrava do silêncio depois de um dia barulhento.
Assim que toda a doença que espalhou e os mortos se levantaram, Charlotte passou a usar o silêncio como uma proteção, como uma forma de sobreviver no mundo atual, porque ela ainda era afiada nas palavras e sem papas na língua, mas viver se tornou um trabalho que precisava fazer vinte-e-quatro horas por dia.
Os caminhantes tinham uma ótima audição, então eles tomavam o cuidado necessário, não poderiam sair por aí conversando, não enquanto estavam expostos, porque não existia a proteção e nem a sensação de segurança que perderam assim que o mundo de antes chegou ao fim.
Ela sentia falta do barulho de um dia barulhento.
Bem, pensou, eu sinto falta de muitas coisas.
Via a si mesma perdida em pensamentos, uma imaginação fértil que a levava para o que estaria fazendo se nada disso ocorresse, se fossem pessoas normais, sem ter a morte todos os dias ao lado deles como um companheiro eterno – e, será que, em algum momento antes de tudo, ela cruzaria o caminho com as pessoas daquele grupo? As mesmas pessoas que aprendeu a amar e a considerar uma família?
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START OF THE END¹, 𝐜𝐚𝐫𝐥 𝐠𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬 [REESCREVENDO]
FanfictionO COMEÇO DO FIM | 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐈𝐄 𝐂𝐀𝐑𝐓𝐄𝐑 vivia uma vida considerada normal por muitos, acompanhada de seus pais, pessoas amáveis, e seu irmão, que sempre estava ali para pegar em seu pé. Era a vida dos sonhos, apenas uma garotinha normal em mun...