Afterglow

Illicit Affair

Otto

Quase voltei correndo assim que ele me mandou a primeira mensagem. Chegava a ser ridículo o quanto eu era apaixonado por aquele garoto a ponto de largar tudo e voltar pra ele no mesmo instante só porque já estava morrendo de saudade.

Era a primeira noite que eu e Rael passávamos separados desde que começamos a namorar. Não, desde que nos mudamos pro dormitório, muito antes de começarmos a namorar. Eu tinha dormido sozinho incontáveis noites, mesmo quando namorava a Ana, e isso nunca tinha me incomodado. Sim, eu gostava de sempre estar com pessoas e sim, ficar sozinho quase sempre era uma tortura por causa dos meus pensamentos descontrolados. Mas pelo menos eu estava acostumado a sofrer com aqueles pensamentos, agora era diferente. Eu não estava nada acostumado a ficar sozinho, sem esses pensamentos e sem o Rael. Já era madrugada e eu ainda não conseguia dormir. Sentia falta de tudo dele. Sentia falta do calor do corpo dele no meu, do seu cheiro, até do peso da sua cabeça no meu braço ou no meu peito. Sentia falta de me mexer durante o sono e sentir ele se encaixando novamente em mim, sentia falta das suas pernas atravessadas por cima do meu corpo porque ele acha confortável dormir assim.

Meu pai e Patrícia estranharam quando eu voltei pra casa, mas eu inventei qualquer coisa, disse que sequer tinha voltado ao dormitório, que fiquei com preguiça no meio do caminho e voltei. Me esforcei pra não chorar com aquela primeira grande briga da gente, e tive sucesso. Não chorei nem um pouquinho. Eu realmente estava magoado com Rael e não ia me prestar ao papel de chorar só porque estava longe dele, por mais que eu quisesse.

Não era minha intenção fazer todo aquele drama e largar ele sozinho, mas eu precisava que ele entendesse o que me magoava e o porquê. Receber as mensagens dele acalmou meu coração e dissipou minha raiva, mas só piorou a saudade.

No outro dia, quando voltei, ele já estava acordado me esperando com o sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Aquele sorriso batia fácil as 7 maravilhas do mundo e eu era um puta de um sortudo por tê-lo só pra mim. A gente conversou melhor sobre a briga e conseguimos nos acertar, com Rael prometendo ter mais cuidado comigo e com meus sentimentos.

Também não era minha intenção fazer dele o vilão daquela briga, mas eu gostei de ver ele percebendo onde errou e gostei mais ainda de fazer as pazes com ele.

Passamos aquela semana pensando em tudo que iríamos ter que fazer durante a viagem para que nosso namoro continuasse escondido, mas sem sentirmos tanta falta um do outro. A gente nem sabia como seria nessa tal casa de praia, mas estávamos torcendo pra que pudéssemos dormir no mesmo quarto, assim as noites iriam continuar sendo só nossas.

Na noite de quinta-feira, Rael estava deitado na cama enquanto eu estava no computador trabalhando em um esboço que precisava entregar no dia seguinte. Último trabalho antes do feriado, graças a Deus.

- Amor. - escutei Rael me chamar e girei a cadeira, ficando de frente pra ele. - Eu estava pensando...

- Sobre...? - perguntei, depois de ele passar algum tempo em silêncio.

- Sabe, - ele sentou na cama, me olhando com mais atenção. - Sua irmã vai chegar amanhã, eu imagino que seu pai vai ficar em êxtase em tê-la de volta, além de toda a família unida, minha mãe com certeza vai ficar muito feliz também...

- Eu vou contar. - o cortei no meio da frase.

Ele arregalou os olhos e se calou por um momento.

- Também acho que nunca mais vamos ter um momento tão propício pra isso. Tem que ser agora. - falei, completando o que eu queria dizer.

- Como... Como você sabia o que eu ia sugerir? - ele perguntou, ainda surpreso.

- Porque eu penso as mesmas coisas que você, seu bobo. - falei, rindo. Levantei da cadeira e sentei na cama, de frente pra ele. - Eu já venho pensando nisso a bastante tempo. Em como eu quero contar da gente pra eles, pra todo mundo. Não quero mais ter que ficar bolando estratégias de como esconder nosso namoro. Quero poder te beijar sempre que eu quiser, independente de quem tá perto. Eu quero contar.