King Of My Heart

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Rael

Depois que Otto foi pra faculdade, eu voltei pra cama. Já me sentia muito melhor, com mais energia e disposição, mas ainda sentia algumas dores específicas, principalmente se me movesse muito ou muito rápido. E digamos que naquele dia que voltei para o dormitório, tudo que eu não tive foi repouso, não com Otto e eu descobrindo que ficávamos muito bem juntos daquele jeito.

Óbvio que o Otto estava fazendo de um tudo por mim e pra mim, além de cuidar de mim nos mínimos detalhes, mas enfim nós tínhamos nos acertado e realmente não deu pra ficar muito quieto, descansando, com Otto ali do meu lado, dormindo comigo, me beijando daquele jeito que parecia mais com atear fogo no meu corpo. Comecei a sorrir feito bobo lembrando todos os nossos momentos de ontem pra hoje. Eu nunca tinha me sentido daquela forma antes, tão... tão... Feliz.

É isso. Essa era a palavra.

Peguei a câmera fotográfica dele que estava em sua mesinha de cabeceira, o cabo dela na gaveta e fui para o computador. Queria pegar as nossas duas únicas fotos que tínhamos junto, mandar para o meu celular pra eu poder imprimir.

Rolei rapidamente o rolo de fotos do casamento da minha mãe com o pai dele, e logo achei a foto que tiramos naquela noite, no quarto dele. Sorri ao lembrar o quanto aquele dia parecia tão distante, como os meus sentimentos daquele dia, nervosismo, receio, timidez, também parecia distantes. A próxima foto também era nossa, já no nosso dormitório, um pouco antes da festa de inauguração. Nosso primeiro beijo também foi naquela festa. Não que eu pudesse chamar aquilo de beijo, mas ainda assim...

Passei as duas fotos para o meu celular e resolvi salvar também na minha pasta de fotos no computador. Criei uma pasta com o nome dele e coloquei as duas fotos lá. Olhei pra elas e sorri, eram as duas primeiras fotos de muitas outras que iríamos tirar juntos. Eu realmente estava com muita expectativa em nós dois.

Quando fui fechar a janela que tinha aberto no computador, percebi que a pasta que eu havia criado estava ao lado de outra pasta. A pasta do Oliver, que eu havia salvo apenas como "O". Claro que as pastas estariam próximas, os dois nomes começam com O. Senti uma coisa estranha no peito e abri a pasta do Oliver, todas as nossas fotos apareceram, grandes e bonitas.

Eu ainda me surpreendia quando parava pra pensar o quão rápido eu superei, e até esqueci o Oliver. Não que ele não tenha sido importante, pelo contrário, ele foi demais! E eu me lembro com muito carinho do que vivemos, mesmo que tenha sido por pouco tempo.

Oliver era o típico holandês clichê que a gente escuta falar por aí. Ele era incrível, mas um pouco frio, era carinhoso, mas muito raramente, e não costumava gostar muito de contato, salvo em alguns momentos específicos. Parando pra pensar, ele era bem como eu, acredito que por isso nós tínhamos nos dado tão bem. Nos tornamos muito amigos, o que evoluiu depois pra um relacionamento que nunca foi rotulado.

Não que eu não quisesse, eu gostava demais dele e queria sim que a gente tivesse um relacionamento sério, mas eu sabia que logo ia voltar pra casa e nós dois não queríamos lidar com todo aquele sofrimento de um casal se separando. E bem, na verdade, Oliver nunca chamou aquilo que nós tínhamos pelo nome. Eu nem sei realmente se foi tão sério pra ele quanto foi pra mim. Nós claramente fomos um casal, aquelas fotos na tela do computador comprovavam isso, mas tudo aquilo foi muito diferente com tudo o que eu estava vivendo agora.

Tudo.

Desde os carinhos quase inexistentes antes para os carinhos sufocantes do Otto de agora, até a animação do Otto com a gente, com o que nós estávamos começando a ser.

Sorri sozinho lembrando de como ele tinha ficado bonitinho todo nervoso, já pensando em como falaria de nós para os nossos pais. E aqui estava eu, mais uma vez, sendo cauteloso, mantendo meu pé atrás, como sempre com medo de cair de um precipício.

AfterglowOnde histórias criam vida. Descubra agora