Love At First Flight (Jotakak)

✈️ Tango ✈️

Os dias se passaram, e eu aos poucos ia superando o impacto que as palavras de Joseph causaram em mim.

No início não foi fácil. Na primeira semana, eu ainda tinha aquela situação incomum indo e voltando na minha cabeça. Eu nem sempre podia contar com Jotaro para desabafar, pois ele acabou caindo em uma semana complicada na escala, e mais uma vez, eu tinha que me render aos bons e velhos carinhos dengosos por aplicativos de mensagens e ligações, além de sexo virtual para nos satisfazer. Enquanto eu me masturbava com os dedos inseridos em mim às 21h em Seattle, Jotaro se masturbava às 6 da manhã em Madrid. Meu Deus, eu tenho tanto que sentir falta dele quando estamos voando longe um do outro?

Na segunda semana longe, eu já estava tranquilo, as palavras nem doíam mais, elas aos poucos iam desaparecendo, sendo arrastadas pela correnteza do rio de azar que irriga minha vida.

Na terceira, eu já liguei na minha cabeça um alarme que dizia "foda-se Joseph", pois eu estava morrendo de saudades de Jotaro e das gêmeas. Eu só queria um tempo para nós mais uma vez, as coisas são tão apressadas nesse sentido...

É, apressadas. A vida na aviação é assim mesmo, apressada e sem tempo para nada. Se você quer perder datas importantes como natal, ano novo, dia de ação de graças e aniversários, escolha a aviação. Raramente você vai estar em casa nessas datas e vai comemorar ou no céu ao lado de mais de cem passageiros ou em um quarto de hotel, sozinho e pensando nas festas que sua família pode estar fazendo sem você. Alguns dos meus amigos tripulantes chamam isso de "sacrifício", mas não vejo como um sacrifício, vejo como um benefício, pois odeio festas, odeio cozinhar e odeio confraternizações. A família Joestar que o diga, aquela merda de jantar? Espero nunca mais passar por isso.

E somente na quarta semana, caí em um voo com Jotaro porque um amigo da tripulação trocou a escala com a gente. Foi a primeira vez que voamos para o Canadá, mais precisamente, Vancouver. De todas as cidades nas quais voamos antes, essa foi a mais curiosa, pois ficamos no destino por dois dias, e aproveitamos esses dias para explorar a cidade e os arredores junto com os amigos da tripulação, e graças ao meu bom pai, Pierre estava junto a nós.

Pierre sabe o quanto estou me esforçando para me manter longe de fofocas, pois contei a ele sobre o incidente em Londres, e desde então nós nos juntamos para formar uma dupla de detetives. Agora sim meus pais teriam orgulho de mim! Estou me sentindo como John Watson enquanto eu e meu Sherlock Holmes, Jean Pierre Polnareff, reviramos contas e mais contas do Instagram de funcionários da Star Platinum Airways atrás dos responsáveis pela famigerada "@TheEyesOfStarPlatinum". Na noite anterior, até sacrifiquei um jantar ao lado de Jotaro para montar com Pierre uma lista de possíveis suspeitos, enquanto comendo um monte de porcarias no silêncio dos nossos quartos. Pobre Jotaro, deve ter ficado a noite vendo documentários sobre a vida marinha.

Termino de me arrumar depressa, é meia noite no horário local e temos aproximadamente umas duas horas antes do voo que partirá da cidade às 3 da manhã, não parei para contar as horas, na verdade. Após um cochilo no final da tarde, despertei cedo o suficiente para o voo, dá tempo de tomar um bom banho e jantar ao lado de Jotaro. Se bem que não é hora de jantar, é quase hora de tomar café da manhã. Se tem uma coisa que odeio mais do que essa maldita conta de fofocas, essa coisa se chama "voos pela madrugada".

Estou diante do espelho, finalizando meu penteado e prendendo com uma fivela de cabelo a minha franja ruiva. Acho que está na hora de cortar um pouco essa belezinha aqui, mas só quando eu voltar para casa. Finalizo o penteado com uma quantidade de gel, comprei um com aroma de morango que é tão cheiroso que tenho até vontade de comer, e finalizo, pondo por cima do belo uniforme roxo da Star Platinum Airways o meu bom e velho iPhone. Velho não, não use tais palavras para se referir ao primeiro presente do seu namorado, Noriaki!