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Eu o vi.

Em meus sonhos, eu o vi.

Jotaro, os tentáculos, o olhar belo e azul que me hipnotizou assim como o céu. Não havia dor ou sofrimento, apenas felicidade. Momentos em que eu e ele nos encontramos em outras vidas, em outras oportunidades que tivemos de segurar a mão um do outro e declarar o nosso amor. Outras vidas onde o vi caído no leito do oceano, sua carne apodrecendo como o tempo que passava depressa como a luz no universo. Não me restam dúvidas de que aqueles nos sonhos do meu noivo, éramos eu e ele.

Fomos amantes em vidas passadas, apenas espectros que tocaram o céu na mais acelerada volta da terra em torno do sol ou em seu próprio eixo. Amantes apressados, feitos como a rápida decomposição da carne e da ascensão do espírito batalhador; amantes que tiveram outros nomes, mas que permanecem nas nossas memórias, lá no fundo do inconsciente e se revirando, querendo dizer para todos "nós estamos aqui". Se o universo foi de fato resetado como aquelas teorias físicas? Eu acredito. Todos nós temos um destino e esse é o meu, seria um tédio saber nosso próprio destino, pois para mim o amor não faria sentido.

Quando conheci Jotaro, eu não acreditei no que vi. Os meninos de fato me pegaram com toda aquela brincadeira sobre a roupa dele, mas eu vi algo a mais naquele olhar tão belo quanto o céu, eu vi o tempo se desfazendo nas pupilas dilatadas que se direcionaram para mim. Os rostos que coraram com a timidez do primeiro encontro significavam o longo caminho que teríamos pela frente, mas que nunca, nunca na minha vida, imaginei que terminaria assim.

Em um casamento!

Desperto com o suave verde da esmeralda em meus olhos, o brilho do sol invadindo a única brecha na cortina e reluzindo sobre a jóia. Não apenas a luz e o reflexo da aliança, como também com uma voz lá no fundo do meu ouvido ainda devagar e que diz:

— Meu nome é Jean Pierre Polnareff e esse é o quadro "acordando os babacas".

Uma maldita buzina rasga meu ouvido, estilhaça os poucos neurônios que tenho em funcionamento em plena... sei lá, sete da manhã? Atordoado, reviro-me sobre a cama à procura do meu telefone, mas tudo que vejo é a concentração de pessoas ao redor do meu quarto e aos poucos reconheço o rosto dos meus amigos: Pierre, Avdol, Diego e Joanne.

Uma mão soca a cama furiosamente e ouço um rosnado de raiva. É Jotaro.

— Não fode... o que estão fazendo aqui? — A voz dele é ainda mais grave do que de costume, e sempre é assim quando ele acorda.

— Esse é o vlog "Love At First Flight", sorriam para a câmera, pombinhos! — À nossa frente, Joanne Brando segura uma câmera e acena para nós, nos tentando a fazer alguma gracinha para a lente.

— Não somos animais em um circo, Hot! — Jotaro puxa a coberta e se esconde antes de reclamar.

É, até que isso foi uma surpresa e tanto. Os tímpanos doem para caramba, mas mesmo tonto, preciso levantar e arrumar algumas coisas hoje. Ainda estou lento por causa do sono e no momento em que sento na cama e ponho os pés no chão, meus amigos abelhudos berram.

Principalmente Jean.

— Meu Deus do céu, corta, corta, o noivo está nu! — Pierre enfia a mão na frente da câmera, impedindo que Joanne grave mais alguma coisa. — Isso não pode ir pro Youtube!

— Pombinho? — Avdol cobre os olhos ao me ver nu. — Isso não é um pombinho, é uma pomb...

— Ah, caiam fora! — atiro um travesseiro contra os meninos, os expulsando do quarto.

A porta se fecha e os malditos abelhudos se retiram, ainda bem. Jotaro está rindo discretamente por baixo do lençol, até me espanta alguém gostar tanto de se divertir com as próprias desgraças, apesar de sério como sempre.

Love At First Flight (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora