✈️ Delta ✈️

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Eu torci para que o plano deles não adiantasse nada, mas não foi o que aconteceu.

Os idiotas conseguiram. Eles conheciam uma parte dos colegas que saíram na escala do dia 20 comigo. Como sempre, alguns aceitaram a troca, outros não. Não se pode ganhar todas, ou claro, seria muito óbvio para uma pessoa tão inteligente quanto Jotaro notar que estou perseguindo-o.

Dias depois da primeira troca de escala de tripulação, surge o primeiro voo da nossa alteração exagerada de escalas. Meu Deus, o que eu estou fazendo? Não é mais fácil eu só chegar nele e pedir o telefone?

Não.

Jotaro é muito sério, calado e extremamente profissional. Anda sempre na linha, não sorri, e é totalmente o contrário de mim. Sem contar que ainda tem filhas, eu nem sei no que estou insistindo, é melhor eu ir atrás de relacionamentos sem compromisso mesmo. Só que, enquanto ainda existir coragem, existe a esperança de eu ser virado ao avesso por ele. Tenho medo de ir diretamente nele e acontecer algum mal entendido, sei lá, vai que serei humilhado por quem sou, isso me afetaria de uma forma muito drástica.

— E então, a mulher deu o saquinho de vômito para ele e sabe o que aconteceu? O saco estava aberto! — narra Avdol, imitando todo o fato usando um copo vazio de café.

— Ugh.

— Bem feito! — a empolgação que Pierre tem sobre quando fala dos nossos inimigos é maior do que quando está para o namorado. E o indivíduo em questão é detonado por ele no intervalo antes de irmos para a sala de encontro das tripulações. — Quem sabe aquele desgraçado deixa de querer ser melhor que a gente.

Levo o copo até meus lábios e sopro o líquido quente, na tentativa de o esfriar. Decido não manifestar minha opinião no meio do assunto, mesmo que odiando o sujeito alvo das fofocas:

— Eu não vou rir, é algo que pode acontecer com qualquer um de nós.

— Eu quero é que o Dio se foda mesmo! — Pierre declara em voz alta, o suficiente para qualquer um ao nosso redor ouvir. Por sorte, as três mesas próximas estão vazias e apenas nós ocupamos a cafeteria. — a desgraça dele é o motivo do meu sorriso.

— Não fala isso, ele é tão carregado que isso pode acontecer com você hoje mesmo. — repito, bebericando com dificuldade o café quente pela borda do copo de papel.

Pierre não dá a mínima. Com seu sotaque francês quase morto, ele levanta, mas ao ver que está cedo demais para seguir ao portão de embarque, senta novamente e mudou de assunto.

E para variar, o maldito Jotaro domina o assunto de suas fofocas:

— E então, Tenmei, primeiro oficial Kujo já te fez gozar pelo cu ou ainda está tentando receber a manete premium?

Quase sujo meu uniforme com o café, mas em vez de cuspir tudo em direção aos rapazes, sinto o líquido descer queimando minha garganta. Como reflexo, bato com força a mão sobre a mesa, e as poucas pessoas que passam ao nosso lado voltam suas atenções a nós com olhares desgostosos.

— Vocês estão malucos? Falando disso do nada? Cadê a etiqueta aeroportuária de vocês?

— Ficou no meu rabo. — Pierre continua, porém dessa vez se aproximando mais para poder cochichar a vontade. — Sério, nada de uma rapidinha de vocês dois por aí?

Eu quero matar esses pirados, eu ainda nem sei o motivo que me leva a ter esses imbecis como amigos!

— Nunca falei nem um "A" para ele. — retruco, na tentativa de fazer aqueles inúteis irem para o inferno do portão de embarque deles logo de uma vez. — vocês podem ser um pouco mais pacientes?

Love At First Flight (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora