Love At First Flight (Jotakak)

✈️ Hotel ✈️

— "Tenmei Kakyoin foi flagrado saindo do quarto de um dos pilotos da Star Platinum Airways às cinco da manhã, vestindo uma roupa do seu affair e segurando a própria roupa. Parece que os pilotos realmente fazem as regras, não é, 'cherry boy'?" — Pierre lê em voz alta.

Não pode ser. Eu evitei tudo isso, tinha que ser logo agora?

Uma conta de fofocas aeronáuticas no Instagram intitulada "The Eyes of Star Platinum" compartilhou uma foto minha, saindo de fininho do quarto de Jotaro e de costas no dia do ocorrido no elevador. Eu mais lembra um fantasma, o desgraçado nem para fazer uma foto boa minha serviu! E ainda pegou uma parte da minha bunda aparecendo por baixo da minha cueca, feita com um tecido cheio de estampas de cereja!

Não sei quem espalhou a fofoca, mas obrigado, destruiu a minha semana. Todo mundo fica me chamando de "cherry boy" agora por causa da minha maldita cueca, e isso está sendo meio irritante, principalmente quando seus amigos se rendem a fofoca. Não quero nem mesmo sair para um piquenique, e os meninos insistem para que eu saia de casa um pouco.

— Affair? Quem usa essa palavra hoje em dia?

— Minha vó. — Pierre se joga ao meu lado, no sofá. Confesso que nem quando meu gato me abandonou eu fiquei tão deprimido. — Kakyoin, você não pode ficar assim, já vai fazer uma semana desse seu luto aí, parece até que alguém morreu!

Eu posso o mandar ao inferno? É claro que alguém morreu, e esse alguém é minha dignidade enquanto me intitulo como Tenmei Kakyoin, a minha dignidade profissional!

Encaro Pierre, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Tento manter um bom humor, mas tudo, absolutamente tudo sai errado.

Grande dia.

Aparentemente o piquenique foi para as cucuias, agora os infelizes abrem os sacos de pão e ousam sujar todo o meu carpete, no qual limpei para tentar me distrair da dor que o ocorrido com Jotaro me causou. E eles sequer se importam com isso, mas no avião tudo tem que estar impecável, bando de hipócritas!

— Então vocês não dormiram juntos. — Pierre levanta o óbvio. Ou eu não estaria chorando aqui por ele, imbecil. Entretanto como ele é meu amigo, deixo-o livre da áspera resposta que quero dar a ele:

— Não. Bem que eu queria, mas eu só vomitei nele.

— Noriaki, você é muito burro, pelo amor de Deus! — Avdol me alerta, visivelmente irritado. — "Ah, não comi nada hoje, vou aqui beber absinto!" Na próxima vez não vamos deixar nada acontecer com você, entendeu, cherry boy?

— Pois tratem de "na próxima vez", não se embebedarem primeiro do que eu!

O meu surto provocou um silêncio que quebrou totalmente nosso clima. Ouvi apenas o som das batatinhas sendo quebradas nos dentes de Pierre, e ele grunhiu, talvez se culpando por ter me abandonado na borda daquela maldita piscina.

— Eu queria me esquecer dos problemas, só isso!

A porta da casa se abre, e a velha cotoca Enya entra tropeçando nos pés. Às vezes me indago o que diabos aquela mulher ainda quer trabalhando, deveria ceder a vaga a algum jovem comissário aí procurando por emprego. Em suas mãos, há uma travessa com algum tipo de comida muito cheirosa e uma sacola no braço, mas meu nervosismo não me permitiu reconhecer aquele aroma vindo do recipiente.

— O problema dele começa com J e termina com K. — Avdol reclama, enfiando uma das batatinhas roubadas do namorado na boca. Ele está obviamente muito indignado, me vendo brincar com a porra do telefone pendurado no pescoço e zombar de seu deslize:

— Depois eu que sou o burro, o outro aí não sabe nem soletrar.

— Você entendeu de quem estou falando, é isso. — Avdol insiste.