Love At First Flight (Jotakak)

✈️ Emergency Landing ✈️

Josuke Higashikata.

Não pode ser real. A resposta do garoto me deixa paralisado, em pânico e tentando ligar os pontos o tempo inteiro, mas não, isso é bizarro e não faz sentido. Dou uma conferida na marca em forma de estrela no ombro do menino e perco o fôlego novamente. Algo me diz que a situação aqui é pior do que apenas uma emergência médica envolvendo esse garoto.

Não consigo acreditar que Jotaro mentiu para mim! Esse garoto e o irmão gêmeo dele são filhos dele? Puta merda, o que está acontecendo aqui?

Pierre nota o desespero em meu comportamento, meu rosto ficando vermelho e meus dedos desapertando o nó da gravata—o primeiro sinal de que estou me sentindo mal com alguma coisa e que todos ao redor conseguem identificar.

— Tenmei, está tudo bem?

— Está. — minto, gaguejando por um instante. Sufocado, preciso de ar, mas sequer consigo levantar, sinto os joelhos ancorados no chão da aeronave e é Pierre que me ajuda a ficar de pé. — você pode ficar com ele, digo, Josuke só por um momento?

Jean confirma. Aproveito que a mãe de Josuke está saindo da galley com a outra criança nos braços e apresso o passo. De frente a ela, pergunto discretamente:

— Senhora, com licença. Como é o nome dos seus filhos?

— Josuke e Josefumi, mas o Fumi nós chamamos de Gappy por causa dos dentes deles serem meio entramelados. — responde a mulher, em um sussurro quase inaudível. — Está tudo bem?

Minto com um aceno com a cabeça, tentando suprimir a todo custo o meu pânico interno. Por questões de ética, não quero abordar esse assunto aqui, mas dou uma espiada para o ombro do outro gêmeo nos braços da mãe e vejo uma estrela, coberta por sua roupa e que mais lembra a roupa de um marinheiro. Dane-se a ética.

Como vou resolver essa situação? Engulo em seco, preciso sair desse avião, entretanto, é melhor manter a calma. Aqui dentro sou o Tenmei, e não o Noriaki!

Bem, pode ser que eu esteja fantasiando. O nome desses garotos é apenas Higashikata, não tem nada a ver com Kujo ou Joestar. Pode ser que seja apenas uma infeliz coincidência com as gêmeas de Jotaro, mas eu meio que não acredito em coincidências, não nesse exato momento. Preciso de respostas imediatamente! Jolyne e Irene possuem irmãos, e a probabilidade disso ser real só me choca cada vez mais.

Agradeço a mãe e a vejo recebendo assistência de Pierre. Passo diretamente para a galley e vejo Enya arrumando algumas coisas bagunçadas por Diego em sua infame missão de deixar o gêmeo Josefumi mais calmo. Céus, como vou explicar a velha que temos outra emergência a bordo da aeronave?

Dou as costas por um momento e começo a roer as unhas, raramente faço isso. Procuro as palavras certas, e quando as tenho, me viro mais uma vez e a pressiono:

— Enya, preciso da sua ajuda.

A velha olha para mim, com aquela sobrancelha branca erguida e a cara cheia de maquiagem.

— Tenmei, tivestes uma belíssima tomada de decisão. Estou orgulhosa de você, possui um ótimo Crew Resource Management.

Que Crew Resource Management o quê, eu só quero saber quem é o pai desses gêmeos!

— Eu preciso falar com o Jotaro. — não dou a mínima para o que ela diz, e isso meio que acaba destruindo a expressão de orgulho que lança a mim. — É urgente.

Recebo exatamente a resposta que eu esperava:

— Não. Não agora!

Sabia. Ferir o orgulho de Enya quando ela enfim quebra a sua maldita zona de conforto para fazer um elogio a algum funcionário é quase como um tiro no próprio pé. Ela prepara para si mesma um copo de chá e passa a beber, sem dar a mínima para o meu pedido.