✈️ Surveillance Approach ✈️

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Pierre não acredita no que fiz.

O carro parte pelas ruas e eu o deixo para trás, se questionando sobre o meu comportamento. No início, eles me ajudaram a chegar até Jotaro, trocando e sabotando escalas e mais escalas para eu e ele nos aproximarmos. No final, terminou como uma mão no ombro me aconselhando a não me "rastejar" para Kujo, porém há algo dentro do meu corpo que toma as rédeas do coração e faz com que eu me questione veemente sobre algo.

Como posso amar novamente?

Repito tanto essa pergunta desde aquela fria despedida no aeroporto que às vezes nem sabia se era digno de obter uma resposta. Entretanto, eis a mesma: Permitindo-me a confiar mais nos meus atos de otário, de querer ajudar demais as pessoas, principalmente as mais quebradas, machucadas e necessitadas. Isso sim significa amor, aquele mesmo amor que Jesus pregou na terra, mesmo não crendo muito em alguma doutrina.

Creio que Suzie esteja ferida no momento, ou não; na verdade não sei se Jotaro mencionou todo o caos de sua família ou se já conversou com eles sobre o assunto, eu só quero uma conversa de cunho familiar, já que minha prima Ryoko está longe e ocupada demais para manter uma ligação por Discord.

O taxista recebe o endereço da casa dos Joestars e o carro parte devagar, preso no engarrafamento terrível de Tóquio e que demora mais ainda nosso trajeto, mesmo que o motorista tente encurtar o caminho por algumas ruas menos movimentadas que as avenidas cheias como de costume.

E quando o carro estaciona diante do endereço, sinto um arrepio percorrer minha espinha e um pequeno arrependimento. Passo depressa o celular sobre o dispositivo para confirmar o pagamento por NFC e desço do carro ainda atingido por uma fisgada de arrependimento.

Há apenas dois carros na garagem dos Joestars. Um é o de Caesar e o outro de Joseph. Merda, ele está aqui! Dou meia volta na intenção de fugir, mas o táxi já se foi, não há nada que eu possa fazer mais!

A casa localizada em um condomínio com arquitetura ocidental está acesa e a de Jotaro, duas casas depois, está apagada. Estão todos reunidos aqui? As gêmeas estão em casa ou no maldito internato? Não, no internato não, hoje é sábado. Dou mais uma olhada para a garagem aberta e noto a ausência do carro azul de Jotaro. É, ele não está em casa agora.

— Porra Joseph, você não sabe segurar a porra do teu pau dentro das calças não? — um grito troveja abafado, vindo de dentro da casa. É a voz de Caesar, reconheço esse timbre furioso e irônico mesmo a milhares de quilômetros de distância.

Silêncio. Apenas os grilos fazem a festa no jardim de grama bem aparada dos Joestars, e ouço um trovão distante, provavelmente vai chover mais tarde. E de repente, o som de vidro sendo espatifado no chão me faz recuar um degrau da escada que leva até o alpendre da casa dos Joestars.

— Razão é o caralho, você não tem razão de porra nenhuma nessa casa! — a voz de Caesar estremece até mesmo a porta da casa. Parado diante dela, recuso-me a acreditar que cheguei em um pior momento.

O momento de uma briga entre Caesar e Joseph:

— E você tem?

— Tenho! — berra o loiro, enfurecido a ponto de bater a mão em algo dentro da casa, deve ser uma parede. — A Suzie não merece nada dessa porra, você prometeu que não faria isso depois do que aconteceu entre nós, seu filho da puta mentiroso!

Um grito curto reverbera de dentro do recinto. Engulo em seco, realmente não deveria continuar. Melhor dar meia volta e acabar de vez com minha curiosidade e ir para casa.

— Tu não tem moral nem com as tuas cuecas, ordinário do caralho! — choraminga Suzie.

Não, não posso ir agora. Como eu descobri tudo isso aqui, eu devo ficar e ajudar, mesmo acreditando que essa situação não tenha salvação. Ergo a mão e meu pensamento me massacra, dividido se devo bater à porta agora ou não. A decisão que tomo é de esperar um pouco mais, principalmente ao ouvir a voz de Joseph:

Love At First Flight (Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora