Noriaki é um comissário de bordo azarado que se apaixona por um piloto da Star Platinum Airways - o DILF e sério Jotaro Kujo. Após os momentos de infortúnio que os levaram a ficar juntos, Noriaki deve sobreviver à turbulência de sua vida apenas para...
A explosão de gargalhadas na galley levou a velha Enya a tentar entender o que diabos estava acontecendo.
Sabe aquela vez em que contei sobre a mania que a velha tinha de reclamar dos nossos papos e joguinhos na galley? Pois bem, estávamos tirando sarro da cara dela. Sei que pode soar estranho, mas é a forma como nos divertimos em um pós voo, a outra é jogando Cheerio, mas essa já é uma outra história, permitida apenas para solteiros. Tudo bem, eu beijei Avdol e Pierre dias atrás, mas ainda assim não me encaixo mais no perfil do Cheerio — que consiste em dizer a palavra Cheerio a um passageiro quando ele sai do voo como uma forma de dizer "achei você bonito, podemos ter um lance qualquer dia desses?"
Meus amigos são o ponto de salvação do meu dia. Todos eles. Mesmo após sei lá, umas 14 horas de voo, estamos empolgados, sentindo uma profunda felicidade por ter desmascarado o safado do Kira. É uma vitória e tanto, acho que eu e Jotaro estamos numa boa depois de tudo. Será?
Não sei. Estamos temendo mais um daqueles e-mails do departamento de relações humanas da Star Platinum Airways, aqueles temidos e-mails que botam fogo no nosso peito e controlam o fogo do nosso rabo, pois nem mesmo o sermão de Pierre adiantou para isso. Estamos apreensivos, e desde o ocorrido do meu aniversário que eu e Jotaro não nos tocamos direito, vamos para casa separados e depois nos encontramos longe dos olhares de todos. É aquela velha coisa de quando começamos a namorar, só que agora, mais forte.
Estou pensando tanto nisso que me assusto com a risada dos garotos. Ah é, a velha Enya e a brincadeira da Emirates... ela não entende nossos risos, ou melhor, o riso dos meninos, já que continuo quieto em meu canto, em pé ao redor do balcão da galley enquanto segurando minhas cartas de uno e me abanando com elas. Ao meu lado, Jotaro é o único que não gargalha, apenas sorri, cutucando o meu quadril com o cotovelo e indicando que sou o próximo a jogar.
Enya aparece de repente como um fantasma sorrateiro e põe a mão sobre o deck, impedindo que eu descarte a minha carta sobre a pilha. Espera aí, eu mereço jogar!
— O que deu em vocês? — a velha questiona, ameaçando recolher as cartas do nosso jogo.
— Você não se cansa de brigar com a gente por causa disso? — resmunga Pierre, tentando fazer com que a velha nos deixe jogar em paz ao menos uma vez na vida. Tá, ela está certa, a galley no rabo de um avião não é a porra de um cassino, mas ao menos por hoje... todos já desembarcaram e apenas nós estamos aqui atrás com o pessoal da equipe de limpeza da aeronave, que inclusive demonstra querer se juntar ao jogo ao finalizar o trabalho.
