CAPÍTULO II - MUDANÇAS

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NARRADORA

Três meses se passaram desde que Gizelly decidiu se divorciar de Beatriz e tudo que a advogada desejava era um pouco de paz, mas sua ex-esposa estava determinada a fazer da sua vida um verdadeiro inferno, mesmo que nesse processo a própria filha sofresse as consequências.

Durante esse tempo, a pequena vinha revezando sua estadia entre os apartamentos das duas mães, já que a casa em que viviam estava à venda em razão da partilha de bens. Mesmo a contragosto, mas pensando unicamente no bem estar de Lara, a advogada aceitou que ela pudesse passar algum tempo com a ex-esposa até que uma nova audiência fosse marcada, já que não haviam chegado a nenhum acordo durante a mediação. Não confiava em Beatriz, pois sabia o quão negligente a mulher poderia ser em relação a própria filha.

Naquela noite de sexta-feira, sua única companhia era um filme qualquer passando no serviço de streaming e uma garrafa de vinho pela metade. A filha, que havia passado toda a semana em seu apartamento, agora estava com Beatriz. Aparentemente a ex-esposa estava exercendo minimamente o seu papel de mãe e programou um dia no clube na companhia de Lara.

A garota fez questão de ligar para Gizelly e lhe contar com toda a empolgação que a cabia sobre a programação do sábado. Ela estava tão feliz que a advogada só desejou que Beatriz não a decepcionasse como sempre fazia.

Tentando afastar maus pensamentos, ela se entregou ao cansaço de uma semana extremamente cansativa, afinal, não vinha sendo tarefa fácil buscar clientes para o seu novo escritório, mesmo que já estivesse atuando na profissão há tantos anos. Começar praticamente do zero após romper com a sociedade na Falcão Advogados Associados lhe causava o mesmo medo que sentiu quando saiu da faculdade sem muita experiência e se viu diante de um mercado de trabalho extremamente competitivo.

🎾 🎾 🎾

Não passava das oito da manhã quando Lara, ainda vestida com um dos seus pijamas favoritos decidiu que era a hora ideal para acordar a mãe. A garota bateu repetidas vezes contra a porta e chamou por Beatriz, mas não teve resposta alguma. Então no auge de sua animação e ansiedade para o dia divertido que desejava ter, fez o que tantas vezes lhe fora explicado ser proibido: girou a maçaneta e empurrou a madeira vagarosamente até finalmente estar dentro do quarto. A ausência de iluminação a fez parar antes mesmo de alcançar a cama, mas foi o movimento sobre o colchão que incentivou a pequena a correr e se jogar sobre o corpo conhecido.

Ou supostamente conhecido.

O grito estridente assustou as três pessoas presentes no quarto. A primeira a agir foi Beatriz, que se apressou em acender a luminária sobre a mesa de cabeceira, em seguida a mulher que a acompanhava puxou o lençol para cobrir o próprio corpo e ainda sem entender o que acontecia, a pequena Lara encarou a cena com um olhar curioso.

As mães já haviam conversado sobre o divórcio, mas para a garota não era fácil compreender porque havia outra mulher na cama de Beatriz, ocupando o lugar que sempre foi de Gizelly.

— Por que você não bateu na porta, filha? A mamãe te pediu que não entrasse no quarto sem autorização, lembra? – Encarou o pequeno corpo de pé ao lado da cama. – Aconteceu alguma coisa?

— Eu bati muitas vezes, mamãe. – Encolheu os ombros e encarou as mãozinhas. – Mas você não falou nada, então pensei em vir te acordar com muitos beijinhos ou vamos chegar atrasadas no clube.

— Certo. – Beatriz levou uma das mãos ao rosto e suspirou. Se havia cogitado brigar com a filha ao vê-la em seu quarto, naquele momento decidiu baixar a guarda. – Agora você pode voltar pro seu quarto e escolher a roupa que quer usar, o que acha? Só preciso conversar rapidinho com a Diana e logo vou te auxiliar no banho.

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