CAPÍTULO XX - ISSO É UM SIM?

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NARRADORA

Passada toda a correria do fim de semana, Gizelly sabia que o encontro com a ex-esposa seria inevitável. Não porque ela desejava vê-la, mas sim porque precisava confrontá-la sobre sua recente descoberta.

Ela não estava disposta a se deixar intimidar por um sobrenome importante ou pelas possíveis ameaças que sofreria por parte da ex quando a deixasse saber sobre suas intenções.

A advogada não estava agindo apenas para defender Rafaella, mas para evitar que Beatriz continuasse a interferir em sua vida daquela forma. A relação delas se resumia a tratar de assuntos que envolvessem a filha e nada mais.

Sendo assim, saiu do escritório e fez o curto trajeto até a Falcão & Advogados Associados. Não queria dar chance à Beatriz de se esquivar de suas acusações, pois sabia que ela o faria se estivessem em um lugar público.

Quando chegou ao luxuoso edifício que lhe foi tão familiar por tantos anos, passou diretamente pela portaria e foi em direção aos elevadores.

Observou os números no painel mudarem rapidamente à medida em que a caixa metálica subia rumo ao vigésimo primeiro andar.

— Bom dia, Patrícia. – Sorriu com simpatia para a recepcionista, que acabou por arregalar os olhos em surpresa ao vê-la. – Como vai?

— Senhorita Bicalho, que bom vê-la novamente. – Retribuiu o sorriso e acenou levemente com a cabeça. – Vou muito bem e a senh...

Gizelly a repreendeu com um olhar e Patrícia riu.

— Já te disse para me tratar por você ou apenas Gizelly, nada de senhorita ou senhora.

— Tudo bem. – Encolheu os ombros levemente constrangida. – Mas me diga, em que posso ajudá-la?

— Vim ver a Beatriz, ela está?

O sorriso discreto nos lábios da recepcionista não passou despercebido por Gizelly, que se segurou para não revirar os olhos diante da outra mulher.

— Sim, só preciso verificar se ela pode recebê-la agora, só um instante.

— Não precisa me anunciar, eu gostaria de fazer uma surpresa. – Forçou seu melhor sorriso e viu a outra mulher assentir. – Ótimo. Foi um prazer revê-la, Patrícia.

— Igualmente, Gizelly.

A caminho da sala da ex-esposa, a advogada encontrou alguns conhecidos pelo corredor, os cumprimentando cordialmente.

Estranhou o fato de todas as persianas estarem abaixadas. Beatriz amava ser vista e ver todos que a cercavam, por isso havia escolhido divisórias de vidro ao invés de paredes de gesso.

Gizelly sabia que ela só se escondia daquela forma em sua sala quando estava em um momento íntimo com alguém ou em uma discussão com a mãe.

A segunda opção definitivamente estava descartada, do contrário, os gritos poderiam ser ouvidos do corredor.

Ainda assim, decidiu avançar até a porta e girou a maçaneta.

Certamente sua ex-esposa não seria tão irresponsável a ponto de transar com um de deus casos no próprio escritório.

— Mas o que... – Os olhos de Beatriz se arregalaram e ela rapidamente empurrou a jovem que tinha os lábios grudados aos seus segundos atrás para longe, fazendo-a cambalear. – O que faz aqui, Gizelly?

A advogada fechou a porta atrás de si e se apoiou na madeira, observando a cena com um sorriso divertido nos lábios.

— Você já foi mais cuidadosa. – Balançou negativamente a cabeça. – Imagina se um dos seus sócios entra e se depara com a poderosa Beatriz Falcão aos amassos com uma funcionária?

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