CAPÍTULO III - DECISÕES

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NARRADORA

Terça-feira, 29 de Março

Apesar de ansiosa pela decisão do juiz, Gizelly estava confiante que a sentença seria favorável. Os depoimentos a seu favor tinham sido fundamentais para provar que o melhor para Lara era ficar sob seus cuidados, mesmo que isso fosse inflamar ainda mais a guerra travada por Beatriz, que de antemão já havia deixado claro que não aceitaria nenhum resultado diferente do que ela desejava.

— Por todo o exposto, julgo procedente o pedido da parte requerente e, por conseguinte, determino a guarda compartilhada da menor Lara Bicalho Falcão a ser exercida entre as partes. – Iniciou o juiz em um tom firme e neutro. – Sendo fixada como residência principal o domicílio da autora Gizelly Bicalho, mantendo-se o compartilhamento das responsabilidades com o sustento e a educação da criança. Determino ainda à requerida Beatriz Falcão o direito a visitas aos finais de semana, feriados alternados e metade das férias escolares.

— Eu não aceito essa decisão. – Beatriz alterou a voz e levantou-se rapidamente. Seu advogado até tentou contê-la, mas foi em vão, pois a raiva já se espalhava por cada pedaço do seu corpo, fazendo-a perder qualquer resquício de controle. – Vocês não conseguem enxergar o que essa mulher tá tentando fazer? Isso tudo é por vingança.

— Senhora Beatriz, peço que volte ao seu lugar ou serei obrigado a retirá-la do tribunal antes mesmo do final da leitura da sentença. – O juiz encarou com seriedade a mulher ainda de pé. – Lembrando-a de que esse é um local de ordem e não permitirei que o transforme em um show particular.

— Meritíssimo, peço desculpas em nome da minha cliente, ela se encontra muito abalada com essa decisão e acabou se excedendo. – O advogado de Beatriz saiu em sua defesa, não queria que a mulher perdesse totalmente a razão e acabasse saindo algemada por desacato a autoridade.

— Dando continuidade... – O homem voltou-se para os papéis a sua frente e ajeitou os óculos de grau sobre o nariz. – Estabeleço também o pagamento de pensão alimentícia pela requerida, em favor da menor, no valor de 35% dos rendimentos líquidos a serem pagos no dia cinco de cada mês, sob pena de decreto da prisão civil em caso de inadimplemento, nos termos da lei.

A cada palavra proferida pelo juiz, Gizelly sentia o peso ir deixando seus ombros. Era o primeiro sorriso genuíno que esboçava em dias, mesmo sabendo que Beatriz provavelmente recorreria àquela decisão e dificultaria ainda mais a relação pacífica que deveriam manter pelo bem estar da filha. E isso ficou ainda mais claro quando, ao sair do tribunal, a advogada foi abordada pela ex-esposa.

— Você não sabe com quem tá mexendo, Gizelly. – Beatriz segurou seu braço e pronunciou cada palavra pausadamente e em um tom que somente as duas poderiam ouvir. – Não menti quando disse que a tiraria de você e eu sempre cumpro minhas promessas.

— Exceto quando diz respeito a cuidar da sua família, não é mesmo? – Gizelly se livrou do aperto em seu braço e não se intimidou diante da ameaça. – Pode tentar o que quiser, o máximo que vai conseguir são algumas visitas aos fins de semana, isso se eu não conseguir provar que você sequer se importa de verdade com a minha filha.

— Nossa. Nossa filha, mesmo que você esteja tentando nos separar. – Beatriz pareceu baixar a guarda, aparentemente aquele assunto a atingia mais do que Gizelly imaginou. – A Lara é tudo que eu tenho e não vou permitir que destrua a nossa relação, nem que pra isso eu tenha que acabar com você.

— Algum problema aqui? – Manu questionou ao se aproximar do ex-casal. Acompanhada do namorado, observava a minutos atrás uma conversa que tendia a tomar outros rumos a qualquer momento, dessa forma, resolveu interferir a tempo de evitar qualquer discussão. – Já podemos ir, Gi?

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