CAPÍTULO IV - RECOMEÇOS

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NARRADORA

Quem observasse a cena jamais diria que aquela era apenas a segunda vez que Rafaella e Lara se viam. A empolgação da garota ao falar com a professora era notável, as pequenas mãos se moviam sem parar e a voz se elevava a cada frase dita.

Ainda levemente envergonhada pela abordagem um tanto invasiva de dias atrás, Gizelly demorou a se aproximar de vez da pequena multidão que formou ao centro da quadra, mas nem se ela quisesse teria passado despercebida, não quando a filha parecia empolgada demais para que ela conhecesse a tia Rafa.

— Tia Rafa, essa é a mamãe Gi. – Segurou Rafaella pela mão e finalmente se aproximou da advogada. – Ela não é a pessoa mais bonita do mundo todo? – Encarou a professora com um sorrisinho fofo.

— Olá, Gizelly, é um prazer conhecê-la. – Estendeu a mão livre em direção a ela e lhe ofereceu um sorriso gentil. – Bom... sim, ela é muito bonita.

— O prazer é todo meu, Rafaella. – Reatribuiu o aperto em sua mão e sorriu um tanto envergonhada. – Me desculpe, ela sempre faz isso quando me apresenta a alguém novo.

— A tia Rafa tem os olhos verdes iguais aos da mamãe Beatriz e eles são lindos, né? – Segurou a mão da advogada e intercalou os olhos castanhos entre as duas mulheres.

A garota estava mesmo empenhada em constrangê-las, mesmo sem intenção alguma. Olharam-se por alguns segundos e trocaram um sorriso gentil antes que Gizelly respondesse a filha com um leve aceno de cabeça, na esperança de que fosse suficiente para acalmar os ânimos da filha.

Antes que a cena ficasse ainda mais embaraçosa, Rafaella foi chamada por outra criança e precisou se afastar da dupla. Gizelly até pensou em chamar a atenção da filha, mas ela estava tão feliz que não estragaria isso com algo tão banal. Sendo assim, incentivou Lara a se juntar as outras crianças e decidiu acomodar-se em uma das cadeiras que estava posicionada nas proximidades.

Pode notar que Rafaella havia proposto alguma dinâmica para que os alunos se conhecessem, pois estavam todos sentados em um círculo e pareciam se apresentar à turma um a um. O sorriso foi inevitável quando notou a filha colocar-se de pé para falar. A garota em certo momento chegou a apontar em sua direção, o que a obrigou a acenar rapidamente na direção das outras crianças.

Imersa nos próprios pensamentos, Gizelly foi despertada pelo toque insistente do celular. Quando viu o nome da ex-esposa na tela, não evitou revirar os olhos. Sabia exatamente porque Beatriz estava ligando, e mesmo que fosse sua vontade, não poderia fugir daquele assunto por mais tempo. Respirou fundo e finalmente aceitou a ligação.

G: Olá, Beatriz. No que posso te ajudar?

B: Quando você pretendia me contar que tirou a Lara das aulas de ballet? Você não tinha o direito de fazer isso sem me consultar, Gizelly.

G: Se você prestasse um pouquinho mais de atenção na nossa filha, veria o quanto ela odeia aquelas aulas. Nunca a vi tão triste, Beatriz e mesmo assim ela continuou fazendo algo só pra que você não ficasse brava, tem noção disso?

B: Por que ela não me disse nada? Eu poderia tê-la incentivado mais ou até mesmo procurado algo que ela pudesse gostar. Existem tantas outras coisas que ela poderia fazer.

G: Porque ela tinha medo de que você se chateasse e a obrigasse a continuar no ballet, então não a culpe por ter se calado, ela odeia te desapontar, Beatriz. De qualquer forma, se a sua preocupação era encontrar algo de que realmente gostasse, não se preocupe, porque eu já o fiz.

B: Como assim? Não me diga que você a matriculou naquela besteira de tênis? Isso é perda de tempo, Gizelly. Nossa filha precisa fazer algo que dê frutos num futuro próximo, não essa besteira de ficar jogando uma bolinha de um lado pro outro.

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