CAPÍTULO XXVI - O INÍCIO DO FIM

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NARRADORA

Conforme haviam combinado, na manhã seguinte foram à delegacia acompanhadas do advogado de Gizelly. Além de ouvir a vítima e as duas testemunhas, o delegado solicitou que fossem coletadas as filmagens das câmeras de segurança do restaurante, já que o registro seria primordial para identificar se o veículo pertencia mesmo à Eva Falcão e se ela o conduzia no momento do quase atropelamento.

Durante toda a estadia no local, Rafaella esteve ao lado da namorada e só a deixou sozinha, contra a sua vontade, quando foi impedida de entrar na sala onde os depoimentos seriam coletados separadamente.

Bastante otimista, o advogado as tranquilizou informando que dificilmente Eva conseguiria se livrar de um processo criminal, mesmo que seu sobrenome e conta bancária tivessem grande peso no meio jurídico.

Ela havia cometido um crime e pagaria por ele.

Para Beatriz, não era fácil ficar contra a própria mãe, mas sabia que havia feito a escolha certa, mesmo que isso significasse romper definitivamente a relação tão conturbada que tinham.

Felizmente não havia acontecido nada grave com Gizelly, mas que garantias ela tinha de que a mãe não faria novamente? Não arriscaria a vida de mais ninguém, principalmente por saber que Eva não se importava com ninguém além de si mesma e só agia para satisfazer seus próprios interesses, mesmo que pra isso tivesse que manipular e enganar as pessoas à sua volta.

Agora só restava aguardar a bomba estourar e se preparar para os estilhaços que inevitavelmente a atingiriam, afinal, ser uma Falcão era muito além de frequentar jantares de gala ou ir à lugares caríssimos, significava também estar em uma posição onde todos lhe apontariam o dedo ao menor sinal de erro, mesmo que esse tivesse sido cometido por Eva. Era questão de tempo até que seu rosto, nome e sobrenome estivessem estampados nos principais jornais da cidade.

Muito se especularia sobre o ocorrido, julgamentos descabidos lhe seriam direcionados e não só sua imagem pessoal, como sua carreira seriam atingidas. Beatriz precisaria ser forte e determinada se quisesse de uma vez por todas sair das sombras de sua mãe.

Provar sua moral e capacidade profissional seria um desafio, mas ao lado da mulher que amava, se sentia capaz de tudo.

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Apesar de prever que as coisas poderiam sair do controle, nada a preparou para a enxurrada de informações falsas que começaram a circular pelos jornais. Beatriz estava sendo acusada de ser cúmplice de sua mãe. As motivações eram as mais absurdas possíveis, iam desde não aceitar o fim do casamento, até desejar a guarda definitiva da filha por ciúmes da atual madrasta.

— Eu não sou uma criminosa. – Beatriz andava de um lado para o outro em total desespero. Os olhos verdes ameaçavam transbordar a qualquer momento enquanto tentavam focar na tela que tinha em mãos. – Eu não sou como a Eva. 

— Meu amor, você precisa se acalmar. – Alice se aproximou e lhe segurou pelos ombros. – Nós sabemos da verdade, você é uma mulher incrível e a única coisa que compartilha com aquela mulher, é o sobrenome.

— Não quero que a minha filha pense que sou um monstro. – Finalmente deixou que as lágrimas caíssem, na frente da namorada se permitia ser vulnerável sem medo de julgamentos. – Sei que não tenho sido uma boa mãe, mas prometi dar o meu melhor, porque ela merece.

— Você não é um monstro e a Lara sabe disso. – Deslizou os dedos pelas bochechas molhadas e sorriu antes de deixar um beijo carinhoso nos lábios de Beatriz. – Eu vejo o seu esforço e sei que todos que te conhecem de verdade, sabem que ele é verdadeiro.

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