CAPÍTULO XVII - PRA GENTE, ENFIM, SE AMAR

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NARRADORA

Após permanecer na mesma posição por longos minutos, Rafaella finalmente se afastou da porta e caminhou até o sofá. A bolsa foi deixada em um canto qualquer da sala, enquanto ela se acomodava sobre o estofado. As mãos agarraram os cabelos com força e os olhos verdes transbordaram sem qualquer impedimento. Cada parte de seu corpo parecia estar sendo golpeada, lhe causando dores físicas. O ar parecia tão escasso que era necessário esforçar-se para respirar.

Ela estava tendo mais uma de suas crises de pânico.

Tentou praticar os exercícios que Paula havia a ensinado e quando se sentiu levemente mais calma, alcançou o celular e buscou pelo contado da única pessoa que a faria se sentir melhor naquele momento.

Aguardou um, dois, três toques e quando estava prestes a desligar, ouviu a voz suave e carinhosa do outro lado.

G: Oi, meu bem. Que bom receber uma ligação sua logo cedo.

O tom empolgado da advogada durou apenas o tempo de perceber que algo estava errado, já que a única coisa que se podia ouvir era a respiração pesada de Rafaella.

G: Rafa? O que aconteceu?

Mais silêncio.

G: Fala comigo, amor.

R: Gi, eu...

O tom embargado deixou Gizelly em alerta imediatamente.

G: Eu tô aqui com você, respira devagar.

Rafaella puxou o ar com toda a força e apertou os olhos numa tentativa de conter as lágrimas.

G: Isso, respira e expira.

R: Acho que tô tendo uma crise de pânico.

O tom veio quase sussurrado e aquilo quebrou o coração da advogada.

G: Nós vamos lidar com isso juntas, tudo bem? Você confia em mim?

Ouviu apenas um murmúrio em resposta.

G: Você se lembra da conversa que eu tive com a Lara?

Resolveu abordar outro assunto antes de questioná-la sobre o motivo daquela crise, queria que Rafaella estivesse o mais calma possível, principalmente porque estavam distantes uma da outra e naquele momento só poderia dar suporte pelo telefone.

R: Lembro sim, por que?

G: Ela me disse que o sonho dela era voltar à Nova York, mas dessa vez com a tia Rafa, porque com certeza vocês se divertiriam muito assistindo um monte de jogos.

R: Ela disse isso?

O tom saiu mais alto e animado, e Rafaella sentiu a respiração finalmente se estabilizar.

G: Sim, inclusive nem convidou a mãe, acho que é uma viagem exclusiva para tenistas.

O riso fraco do outro lado fez a advogada suspirar aliviada, seu plano parecia ter dado certo.

R: Bom, se é algo exclusivo, acredito que seremos apenas a Lara e eu aproveitando Nova York.

G: Tudo bem, eu também te escolheria.

Rafaella sorriu ainda mais, mesmo que a advogada não pudesse vê-la.

G: Você tá se sentindo melhor? Quer me contar o que aconteceu?

Gizelly esperou pacientemente até que a ex-tenista estivesse pronta para lhe contar o que a tinha deixado daquela forma.

R: Eu estava saindo de casa quando recebi um e-mail do Augusto Borges, diretor de esportes do Paulistano e quando o abri...

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