Match Point | ⚢

CAPÍTULO VI - OPORTUNIDADES

NARRADORA

— Sabia que a primeira regra do Tinder é que se você der Match com alguém, deve mandar uma mensagem puxando assunto? – Rafaella cruzou os braços à frente do corpo e manteve o mesmo sorriso divertido nos lábios enquanto observava Gizelly abrir e fechar a boca diversas vezes.

Gizelly permanecia paralisada enquanto Rafaella parecia se divertir com o seu silêncio. A tenista não desviou os olhos da mulher a sua frente por nenhum segundo e após tantos segundos sem resposta, pensou em recuar, mas foi impedida pela voz ainda baixa da mãe de Lara.

— Rafaella, eu... – Respirou fundo tentando buscar palavras que justificassem aquele pequeno engano, mas por algum motivo aquilo parecia mais difícil do que imaginou. – Bom, preciso dizer que...

— Deusa do tênis, eu acho melhor você voltar pra aque... – Eusébio calou-se no momento em que viu Gizelly, a reconheceu facilmente pelas fotos que já tinha visto antes. – Ai, mil perdões, eu não queria atrapalhar esse pequeno momento româ... digo, essa conversa.

Rafaella que estava de costas para o homem, virou-se imediatamente e o repreendeu com o olhar. Ele apenas encolheu os ombros e sorriu sem mostrar os dentes, aproximando-se um pouco mais da outra mulher.

— Desculpe os maus modos da Rafaella, eu sou Eusébio, melhor amigo e novo assistente. – Estendeu a mão na direção da advogada e foi prontamente retribuído. – Você deve ser Gizelly, certo?

— É um prazer conhecê-lo, Eusébio. – A advogada ofereceu um sorriso gentil e ainda segurando a mão do homem, arqueou uma sobrancelha. – Mas, como você sabe meu... ah, claro, que pergunta idiota.

— Você quer a verdade? – O sorriso cresceu nos lábios e ele alternou o olhar entre as duas mulheres. Rafaella o encarava em pânico, enquanto a advogada era quem parecia estar se divertindo naquele momento. – A pequena Lara fez uma ótima propaganda sua, me mostrou fotos e disse seu nome.

O suspiro aliviado da professora não passou despercebido pelos outros dois presentes, mas Eusébio decidiu não provocar ainda mais a amiga, ela parecia tensa o suficiente.

— Bom, eu preciso voltar pra aula, mas talvez você possa me responder em outro momento. – Rafaella esboçou um sorriso lindo e piscou para a advogada, que apenas balançou levemente a cabeça. – Até mais, Gizelly.

Após a rápida despedida, Gizelly saiu em direção a um dos bebedouros que sabia existir nas proximidades, precisava se afastar um pouco daquela quadra e da imagem irritante de Rafaella.

Após se refrescar brevemente, acomodou-se em um dos muitos bancos que se espalhavam por toda a área arborizada do clube. Checou e respondeu e-mails importantes, dentre eles aquele que daria um novo rumo à sua carreira. Depois de muito refletir e ser tão incentivada pelos amigos, havia se encontrado com Otávio para ouvir sua proposta e ainda naquela semana teriam a primeira reunião para oficializar o contrato.

Decidiu permanecer ali sob a sombra de uma enorme árvore até que tivesse que se encontrar com a filha ao final da aula, não queria ter que passar por nenhum interrogatório sem que tivesse uma resposta para dar à Rafaella e naquele momento ela definitivamente não sabia o que dizer.

Numa tentativa de afastar aqueles pensamentos, fechou os olhos e inclinou levemente a cabeça para trás, sentindo a brisa leve tocar seu rosto, aquele era mesmo um dia agradável. Não soube quanto tempo permaneceu naquela posição, mas foi interrompida pelo toque do celular e assim que encarou a tela se deu conta de que não tinha deletado o número da ex-sogra, não por falta de vontade, mas porque a mulher infelizmente ainda fazia parte da vida de sua filha.