A bela adormecida

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__Já trocou o soro, Helena?.--- Marcia, a enfermeira chefe pergunta, entrando no quarto 229, o quarto da bela adormecida.

A exatos quatro anos atrás, completados hoje, o principal hospital de Belo Horizonte transferiu a paciente para eles. O hospital, sendo o principal da rede particular da região, estava recebendo uma série de casos de uma doença infecciosa e transferiram alguns pacientes, sem a tal doença, para a cidade vizinha.

O que ninguém sabia, nem mesmo suspeitava, é que em meio a esses pacientes, a enfermeira carregada estava focando tanto na dor da traição que não se ligou que ela colocou a paciente errada para outro hospital. A paciente que ficou no lugar de Teresa tinha sofrido um acidente de carro três dias antes, ela já estava condenada a morte e era muito parecida com a loira.

Depois que chegou no hospital, não tinha ninguém para arcar com as despesas da paciente e por isso foi transferida para uma rede pública. Lá ela tem sido bem tratada, mas não possuem os equipamentos necessários para retirar a mesma do coma e tratar. Não possuem os recursos necessários para cuidar desse caso.

Desde então Teresa, que chegou sem nome na unidade, foi apelidada de Bela adormecida. A paciente tem uma beleza sem igual, todos se encantam com a mesma, sentindo tristeza profunda em seus corações por vê-lá tão debilitada. Uma mulher tão nova, com a vida toda pela frente.

__Já sim.--- A enfermeira, que estava fazendo estágio na unidade, confirma com um leve manear de cabeça.--- Aproveitei para pentear o cabelo dela, queria vê se assim lhe dava um pouco mais de vida.

__ Você sempre a penteado, a cuidando.--- Falou a enfermeira chefe.

__ Quero que ela esteja bonita quando acordar.--- Repete o mesmo elemento que tem falado durante todo esse tempo, passando a mão pelo rosto da loira.

A pele que outra ora era levemente morena, agora estava branca e pálida. Mesmo com tudo isso, continuava linda!

Marcia apenas suspirou pesado, concordando com um aceno de cabeça. Já havia alertado a mais nova diversas vezes, ela era a única que possuía esperança de Teresa acordar, já os outros acreditavam que ela jamais voltaria abrir os seus olhos, só sairia daquele hospital para um caixão na perspectiva de todos.

__Pode ir para o seu almoço querida, já deu sua hora.--- fala a doce senhora, anotando algumas coisas na prancheta em suas mãos.

__Eu estou esperando uma amiga, quando ela chegar eu vou.--- fala com um sorriso, sentando na beirada da cama.--- enquanto isso ficarei aqui conversando com a minha amiga, Aurora.

__Aurora?--- Indaga a enfermeira com um sorriso.

__ Na história esse é o nome da bela adormecida, então a chamarei assim.--- Explica segurando nas mãos de sua amiga.

Helena, uma menina de vinte e cinco anos, é jovem e sonhadora. Perdeu a sua mãe cedo de mais, ficando com a custódia de sua irmã mais nova, Fernanda. Ela sempre via a história das princesas com a sua irmã, a mesma quase a obrigava, mas até que não era tão difícil assim, a morena amava essas histórias.

__Não se apegue muito querida.--- Adverte a enfermeira chefe, saindo do quarto.

__Sabe Aurora, todos falam que você não voltará acordar, mas eu sei que sim, tenho fé em um milagre.--- Segura na mão da loira.--- Você deve ter uma família, eles devem estar atrás de você, ou devem acreditar que deve estar morta. Eu não sei, mas se estiver certa, eu te Imploro minha amiga, volte por eles!

Helena estava a duas semanas no hospital, mas ela é de Belo Horizonte na verdade. Quando chegou, ela se encantou por Teresa e foi atrás da história da paciente do 229, a bela adormecida.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora