Ela está viva

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__Está melhor?--- Indaga Helena, ajudando a amiga a tomar água.

Estefânia ficou muito abalada por ver a amiga assim, tão debilitada. Ficou mal por saber que esse tempo todo ela estava aqui, lutando pela vida, lutando para permanecer com eles. Enquanto isso os mesmos choravam a sua morte. Sentiam a dor da ausência, viviam o luto, por alguém que nunca partirá.

Se pudesse, se tivesse provas, já teria denunciado o hospital pela dor tão grande que causou a sua família. É imperdoável o que a negligência médica os fez passar, nada substituirá esses anos que perderam. Se soubessem de algo não me diriam esforços para conseguir os melhores profissionais dessa área. Não mediram esforços para traze-lá de volta.

Helena achou melhor tirar a amiga do quarto, afinal ela ficou muito abalada e não tem como ter certeza se Teresa está dormindo. Se ela estivesse acordada, o pouco que fosse, aquela inquietação toda na sala poderia prejudicar, ainda mais, o seu estado clínico que já é bem grave.

Estefânia não conseguiu falar mais nada, única coisa que fez foi mandar uma mensagem ao seu primo, lhe passando o endereço e pedindo que o mesmo fosse atrás dela o mais rápido possível pois precisava dele. Aquele mensagem deixou Gustavo preoucupado, afinal estava o dia todo com uma sensação estranha no peito. Não foi preciso mais nada, ele saiu que nem louco atrás da prima. Para a sorte de ambos, a distância entre as cidades não era mais do que meia hora.

__Estefânia.--- Gustavo suspira aliviado, correndo até a prima.

Depois da suposta morte da esposa, do seu grande amor, Gustavo criou traumas. Ele tem muito medo de perder mais alguém que ama, não suportaria ter que lidar com a dor do luto, da perda novamente. Seria pedir de mais ao seu coração tão machucado pelos acontecimentos.

Ele abraça apertado Estefânia, sentindo-se agoniado pelo choro sem fim da prima. Ele não conseguia entender porque ela estava assim, estava tão bem essa manhã, tão feliz e animada da última vez que se viram, que conversaram. Ele só queria entender e poder ajudar a mesma.

__Eu estou aqui, calma.--- Tenta acalmar a prima que só chorava.

Gustavo so queria entender o que aconteceu com Estefânia. Ela sempre foi uma Rocha, tão animada e alegre. Poucas foram as vezes que vou a prima chorar. Poderia contar nos dedos, de uma só mão, vendo sobrar alguns, as vezes que a vira em um estado semelhante ao de agora. Era desesperador.

__ Eu estou aqui com você.--- tenta novamente, recebendo um soluço como resposta.

Estefânia se perguntava como contaria aquilo para Gustavo, ela viu o tanto que ele sofreu com a morte da esposa. Ele sofre até hoje. Como ela contaria isso para a família, para os amigos, para todos que amavam Teresa?

Ela sempre foi tão doce, tão única! Tinha tantos amigos, tantas pessoas que lotaram aquela capela no enterro, que choraram a sua suposta morte, que sofreram com a sua ausência. Mesmo com o caixão fechado, todos queriam se despedir do ser humano mais doce que já conheceram em suas vidas.Como ela contaria que passaram por tudo isso atoa? Que nada daquilo foi real? Que ela estava viva, que estava lutando para se manter neste plano?

__Ela está viva Gustavo, viva.--- Fala entre soluços, deixando o primo assustado.

__ Quem Estefânia? Do que está falando?--- Pergunto confuso e assustado ao mesmo tempo. A prima assim estava o deixando nervoso.

Estefânia encara Helena que concorda com a cabeça. Ele jamais acreditaria se ela contasse, acharia que era mentira. Estefânia precisa mostrar ao primo, ele so iria acreditar quando a visse como ela viu.

Estefânia se levanta, segura na mão do primo e vai guiando, com a ajuda de Helena, o primo pelos corredores. Eles param na frente do quarto 229 e abre a porta, deixando o mesmo entrar.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora