CAPÍTULO 19 - SUSPEITO

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Deitamos lado a lado, tentando regular nossas respirações. Ela vira na minha direção com um pequeno sorriso nos lábios, aproximando-se gradualmente. Suas mãos encontram meus cabelos desarrumados, afastando-os da minha testa.

• Você fica linda assim... - diz, se aproximando para selar suas palavras com um leve selinho. Aprofundo o contato, entregando-me a um beijo lento.

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♡|S/N ON|♡

Permanecemos deitadas, desfrutando do silêncio e da companhia uma da outra. Alicia se senta na cama, quebrando o silêncio ao passar a mão nos meus cabelos.

~ Você tem alguma camisa para me emprestar? - pergunta.

• Tenho, está ali no closet. Pode pegar a que preferir. - Aponto para a entrada do quarto, e ela se levanta indo em direção ao closet.

• Pega uma para mim também. - peço, sorrindo. Ela ri ao olhar para trás.

Sento-me na cama, verifico a hora e percebo que já está tarde. Alicia retorna vestindo uma camisa preta e trazendo uma camiseta para mim.

~ O que você fazia antes de "tudo"? - pergunta, entregando-me a roupa e acomodando-se na cama.

• Eu? - questiono enquanto me visto.

~ Sim, você. Tipo, já roubava? Tinha namorado? - ela especifica, encarando-me.

• Ah, eu morava com a minha mãe, meu padrasto e meus irmãos. - Levanto-me e vou até a janela.

~ Sério? Tipo, você tinha família? - questiona.

• Acho que sim. - Rio e percebo alguém na rua me observando.

~ Nossa, achei que você vivia com seu tio... - diz.

• Bom, por um tempo sim. Mas foi quando fui para a Espanha... - volto meu olhar para ela, que parece pensativa.

~ Você é de onde? - pergunta.

• Nasci no Brasil, mas morei no Paraguai, onde fiz faculdade de medicina... E você, nasceu em Madri mesmo? - questiono, fechando a cortina.

~ Sim, eu nasci lá, sempre vivi lá... - responde, e ficamos em silêncio por alguns segundos.

• E você tem irmãos ou algo do tipo? - pergunto, indo em direção à cama.

~ Não. Sou filha única.

• Hum... Eu queria ter sido filha única, parece ser bom... - sento-me ao seu lado.

~ Você não ia querer isso. - ri. ~ Teria muita atenção, e isso não é muito bom... pelo menos para mim não foi.

• Por que não? - questiono, fixando o olhar nela.

~ Ah, tipo, te cobrariam muito... não é bom. - ela se aproxima. Concordo com a cabeça.

~ Mudando de assunto, como eram seus pais?

• Bom, minha mãe não era muito rígida, mas queria que eu tivesse alguma formação decente. Meu padrasto me criou, mas não era aquela coisa, ele exigia que eu fizesse esportes e era bem rígido. E meu pai, que conheci já com mais de vinte anos, não sei muito sobre ele, a não ser o que meu tio fala... - explico, enquanto ela ouve atentamente.

~ Nossa, só isso? - ri.

• Pois é, não tem muito o que falar deles. Nunca me dei muito bem com eles. - rio.

~ E comigo, você se dá bem, né? - ela senta no meu colo devagar, começando a mexer em meus cabelos.

• Bom, não me dou bem com a maioria das pessoas, mas com você acho que foi diferente. - dou um sorriso de canto, subindo as mãos em suas coxas.

~ Ah, é? - dá um sorriso malicioso. Apenas concordo com a cabeça.

Aproximo meus lábios dos seus, ela me puxa para um beijo lento e deito-a na cama.

• Acho que já deu por hoje, né, ruivinha? Vamos dormir. - digo, e ela solta uma risada concordando.

Deito atrás dela, puxando-a pela cintura, e descanso meu rosto em seu pescoço, adormecendo em seguida.



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○|DIA SEGUINTE|○

Acordo, e Alicia ainda está dormindo. Levanto-me devagar e vou em direção ao banheiro para tomar um banho. Ao sair, envolta em uma toalha, pego um conjunto de lingerie preta no closet e me visto. Em seguida, pego uma troca de roupa e me aproximo da cama, onde Alicia já está acordada.

• Bom dia... - pego a blusa, notando o olhar dela sobre mim.

~ Bom dia, que horas são? - pergunta, levantando-se e pegando suas roupas.

• Bom, ainda é cedo. - digo enquanto me visto.

~ Eu preciso ir... tenho que ver a Victória. - diz trocando de roupa rapidamente.

• Não se preocupa, eu te levo. - digo, procurando sapatos.

Terminamos de nos trocar e saímos em direção à casa de Alicia. Chegando lá, ela abre a porta e nos deparamos com a babá, Valentina, que olha Alicia de cima a baixo.

~ Oie dona Lucia, ela ainda está dormindo.

~ Ah, obrigada Valentina. Vou buscar o dinheiro... - diz saindo da sala. Ficamos em silêncio por um momento até que Valentina pergunta.

~ São namoradas? - questiona levantando a sobrancelha.

• Ah, é, não. Não somos. - digo meio sem jeito.

~ Hum, é que parece... - diz apontando para mim e na direção que Alicia foi. Dou um sorriso e fico em silêncio, esperando pela mais velha.

~ Olha, tá aqui Valentina. Obrigada. - aparece Alicia com o dinheiro. A babá sorri e vai embora, ficando só eu e Alicia.

• Bom... acho que já vou. - digo me aproximando da ruiva.

~ Já? - pergunta manhosa. Apenas concordo sorrindo com a cabeça, e a mais velha me dá um beijo na bochecha, se despedindo. Assim, saio da casa.

Entro no carro e começo a dirigir de volta para minha casa. No entanto, algo está mais estranho do que o normal: um carro parece não sair de trás de mim. Tento não dar importância, mas decido garantir minha segurança. Chegando na rua da minha casa, dou três voltas na quadra. O carro me segue até quase terminar a terceira volta, mas, de repente, vira para outra rua. Penso que foi uma coincidência, pelo menos é o que prefiro acreditar.

Por fim, paro e entro em casa, ainda meio receosa. Vou em direção à janela para verificar se o tal carro está lá, mas não vejo nada. Acho que foi apenas uma coincidência mesmo, e tudo não passa de algo que está na minha cabeça, ou talvez não.


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In Your EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora