19 - P.O.R.N.O

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Depois que meu pai e James saíram, Steve me ajudou a limpar a cozinha e guardar todos os utensílios.

Conversamos mais abertamente do que quando nos falávamos por telefone, pois agora eu não estava tão preocupada em dar alguma bandeira. Depois de tantos anos, descobri que Steve tinha entrado de penetra naquela festa e nem mesmo frequentara a Universidade de Ohio. Ele se sentiu péssimo ao saber do tempo que eu, Hill e Jim passamos à sua procura; eu me senti culpada mais uma vez por tê-lo deixado dormindo sozinho na manhã seguinte. Ainda mais agora, que ele estava sendo tão simpático, generoso e compreensivo a respeito de tudo.

Por enquanto, Steve me garantiu que iria permanecer por perto, mas eu não apostava muito nisso. Ele disse que queria passar algum tempo conosco e fazer a coisa certa, mas a verdade é que ainda não tinha passado nenhum período sozinho com James.

Como meu filho descrevera com tanta simplicidade, eu tinha que servir cerveja para as pessoas à noite. Depois de terminarmos a limpeza, Steve desceu a rua comigo até o bar, para podermos conversar mais um pouco. Foi então que me lembrei do quanto tinha sido fácil interagir com ele cinco anos antes e do quanto ele era capaz de compreender a mim e ao meu senso de humor, façanha que mais ninguém conseguia. Ele tinha me deixado à vontade e me fez rir muito.

Tudo isso também acontecia nas nossas conversas por telefone. Para certas pessoas, porém, era difícil manter o mesmo nível de espontaneidade cara a cara.

Mas vou ser totalmente honesta: parecia ainda mais fácil estar com ele lado a lado agora e sacar suas reações e expressões faciais quando eu lhe contava algo sobre James. De repente, senti vontade de ter feito tudo de forma diferente.

Fiquei triste por ele ter perdido os primeiros anos de James. Agora Steve o via como um menino que andava com desenvoltura, era muito agitado, tagarela e desbocado. Mas não tinha curtido as melhores partes, os detalhes que fizeram dele um rapazinho de personalidade forte, seus ataques de raiva engraçados e seus maus hábitos valerem muito a pena: o primeiro sorriso, as primeiras palavras, os primeiros passos, o primeiro abraço apertado, o primeiro “eu te amo”.

Eram essas e outras coisas que me impediam, semana após semana, de vender meu filho para um brechó, e Steve tinha perdido tudo isso. Fiquei preocupada com a possibilidade de suas expectativas serem elevadas demais. E se ele não conseguisse estabelecer uma ligação paterna com James? Eu me sentia ligada a Steve de um jeito que nunca vivenciara com mais ninguém, até então. Ele me fazia sentir coisas que eu imaginava que só pudessem existir em sonhos, e nos melhores. Mas eu não podia mais pensar apenas em mim. Também tinha que pensar no meu filho e em como tudo aquilo poderia afetá-lo.

Por enquanto, acho que precisava deixar Steve participar de nossas vidas e esperar para ver aonde isso nos levaria.

Quando chegamos ao bar, troquei de roupa rapidamente e vesti o short preto e a camiseta do Fosters Bar & Grill. Quando voltei do banheiro, fiquei surpresa ao ver que Steve tinha se colocado totalmente à vontade, sentado junto do balcão.

Entrei atrás do balcão pela lateral do bar, fui até onde ele estava e parei, em silêncio.

– Pensei que você fosse voltar para casa – falei, me apoiando com os cotovelos sobre o balcão.

Ele deu de ombros, sorriu e declarou: – Fiquei pensando comigo mesmo… Por que voltar para uma casa vazia quando posso ficar aqui e admirar uma tesuda a noite toda?

Percebi que tinha enrubescido e cortei pela raiz a risadinha que tive vontade de dar.

– Você está sem sorte. Hoje só tem eu aqui no bar.

Não, eu não estava jogando verde para colher elogios, longe de mim uma coisa dessas.

– Maravilha! A mulher mais sexy e gostosa que eu já vi na vida é mais que o bastante.

Sweet Malice ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora