Quando meu pai e Hill voltaram para a loja com James, eu não estava a fim de falar com nenhum dos dois. Coloquei James no carro e fui direto para casa sem dizer uma única palavra o caminho todo. Provavelmente parecia uma criança grande, mas... foda-se. Estava revoltada com eles por acharem tudo muito engraçado; estava revoltada comigo mesma por não ter contado logo tudo a Steve assim que ele apareceu; por fim, estava revoltada por me sentir revoltada com tudo aquilo.
Quem se importava com o fato de ele ter aloprado geral e provavelmente nunca mais nos procurar? Não iríamos perder muita coisa. James nem tinha ideia de quem ele era. Como é que alguém pode sentir falta de algo que nunca teve?
Mas eu o tive. Literalmente. E embora tivesse feito uma cagada gigantesca, sabia muito bem o que estava perdendo. Durante duas semanas Steve se abriu para mim. Agora eu conhecia muito mais a respeito da vida dele do que antes.
Sabia que ele amava sua família e queria muito formar uma só dele, algum dia.
Sabia que era muito trabalhador e faria qualquer coisa pelas pessoas que amava.
Por um instante, foi maravilhoso tê-lo aqui. Estar no mesmo lugar que ele, ver seu sorriso, ouvi-lo gargalhar, sentir seus braços em torno de mim e saber que eu não estava sozinha na louca aventura de ter um filho.
Merda. Eu estava era fodida e mal paga. No fundo, eu me importava muito.
Queria Steve na minha vida e na vida de James.
Queria que James conhecesse o pai e queria que Steve conhecesse a pessoinha fantástica que ele ajudara a fabricar. Queria passar mais tempo ao seu lado, e queria que ele me conhecesse de verdade. Não a versão editada e parcial que eu tinha inventado nos papos de celular, por puro medo de deixar escapar alguma coisa sobre James e sobre a versão fantasiosa com cheiro de chocolate que Steve manteve viva durante anos. Queria que ele conhecesse o meu eu real. A garota que tinha colocado os próprios sonhos em compasso de espera para poder criar o filho; a garota que repetiria tudo novamente, exatamente do mesmo jeito, se isso a fizesse ter James em sua vida; a mulher imperfeita que tirava conclusões precipitadas sobre as coisas, ficava desarvorada com tolices e daria tudo no mundo para voltar àquela manhã cinco anos atrás e permanecer encolhida nos braços do garoto que tinha cheiro de canela e cujos beijos eram mais quentes que o inferno.
Passei o resto do dia limpando a casa, do teto ao chão. Esse era um sinal forte do quanto eu estava agitada, porque odeio fazer faxina.
Estava de quatro no chão, tirando um monte de merdas debaixo do sofá. Uma embalagem vazia de biscoitos, um pirulito cheio de poeira grudada e um copinho de tampa com canudo embutido e algo gosmento e bolorento pregado no fundo, que provavelmente tinha sido, um dia, leite com mel.
Nossa, James não usava copinhos daquele tipo fazia mais de um ano.
- Mamãe, vão ter uma festa e visitas?
- Não, não vamos dar festa nenhuma, por quê? - eu quis saber, pescando duas moedas de cinco centavos, uma de dez e quatro invólucros vazios de jujubas.
- Por causo que você tá limpando a casa. Você só limpa a casa quando vem visita.
Tirei a cabeça quase enfiada debaixo do sofá e fiquei agachada, com a bunda apoiada nos tornozelos.
- Eu não limpo a casa só quando vamos ter visitas - reclamei.
- Só limpa, sim!
- Não, não limpo.
- Viu que não limpa? - confirmou ele, com a cabeça.
- Não foi isso que eu disse!
- Só limpa, sim!!!
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Sweet Malice ✔
Humor______________ CUIDADO: _______________ Está história de amor pode matar você de tanto rir . Ah, e está escandalosamente lotada de porres homéricos e, humm, sexo da melhor qualidade.