Capítulo 1

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-Atire! Garoto arrogante e estúpido - Muriel gritou.

Ela estava no saguão de entrada do tribunal, muito mais do que irritada por ter que ir trabalhar em um sábado, mas o fato de que uma criança conseguiu se aproximar dela com uma arma a fez mais irritada ainda. A segurança pessoal e a do prédio não fazia o trabalho deles direito e isso a colocava louca da vida e com muita vontade de assinar algumas demissões.

Muriel encarou a criança de cima abaixo, 13 anos no máximo, portando uma pistola e suando de tão nervoso, ela conseguia farejar o medo em seu suor, assim como o desespero e a certeza que ele tinha de que não seria capaz de apertar o gatilho. Muriel deixou seu lobo sair, só um pouco, o suficiente pros seus olhos mudarem do castanho escuro para um dourado.

-Ouça, garoto, não sou sua inimiga, me diga o que o fez me ameaçar com essa arma e talvez eu possa lhe ajudar - Muriel falou, tentando amenizar o medo que causara quando o garoto percebeu o que ela era.

-Você não pode me ajudar, ninguém pode. Mas, se eu matar você, posso tê-la de volta, posso ver minha...

Ela sentiu a energia dele se esvaindo, pôde fazer a contagem regressiva antes dele perder a consciência. Muriel suspirou quando a equipe de segurança chegou, cercando ela e um garoto armado e inconsciente.

-Você! - ela gritou para um deles que sabia ter entrado recentemente na equipe - Ligue para Lleaud e diga que mandei ele vir imediatamente. 

-Sim, senhora - ele fez reverência e saiu em disparada.

-Srt. Johnson, nós não...

-Cale a boca, Ruel! Vocês foram irresponsáveis! Como, em todo o inferno, uma criança consegue passar por todos vocês? Para que eu os pago? Quero todos aqui amanhã, irão trabalhar em uma estratégia para melhorar a segurança - um burburinho correu entre os homens no saguão de entrada e ela bufou - Alguém tem algo contra isso?

O grito que ela deu silenciou o ambiente, Muriel sabia que estava descontrolada e precisava urgentemente de um banho na banheira que mandara colocar no banheiro de seu escritório, mas isso iria esperar até que eles entendessem a merda que haviam feito.

-Não me importo se é aniversário de casamento ou qualquer outra coisa, quero todos aqui amanhã às 08h, se um de vocês faltar, terão que vir no próximo domingo também. Estamos entendidos, soldados?

-Sim, senhora!

-Ótimo! Levem essa criança para a cantina, tirem a arma de perto dele e deem algo para comer e beber, não o deixem fugir, mas não o tratem como criminoso.

-Sim, senhora!

O coro de confirmação e reverência foi dado antes que ela virasse as costas e entrasse no elevador. Não havia ninguém na recepção, era um tribunal afinal de contas, não era para haver trabalhadores nos fins de semana, mas lá estava ela, contabilizando o nono dia consecutivo de trabalho, por causa de um maldito serial killer que pegou gosto por mulheres que vão a clubes de BDSM. Muriel entrou na banheira assim que a viu cheia e com espuma o suficiente, ela se daria o luxo de uma ou duas horas, precisava disso para ser honesta, antes que explodisse o maldito prédio, era a semana de lua cheia e sua loba estava insatisfeita, não tivera tempo de deixá-la correr e nem tempo com seu companheiro para gastar energia suficiente para acalmá-la.

Lleaud observou Muriel por alguns segundos, ela parecia relaxada dentro da água. Levou apenas 15 minutos para chegar no escritório dela, depois que o segurança ligou explicando o que tinha acontecido. Ele se aproximou, beijando o pescoço exposto para fora da camada de espuma que cobria o corpo de sua companheira, sua mão indo inconscientemente para a garganta dela, para ter certeza de que ela se manteria imóvel. O gemido baixo o fez sorrir, ela estava despertando.

-Você deveria acordar, lobinha, não quer perder toda a diversão.

Muriel resmungou algo ininteligível, ainda no limpo entre a realidade e o mundo dos sonhos, ele deixou seu braço sumir abaixo da espuma, acariciando o corpo que se escondia ali, até encontrar o lugar que procurava. Não demorou muito para os olhos da sua companheira se abrirem, ele só precisou de alguns segundos brincando com o sexo dela para que isso acontecesse, Lleaud também percebeu quando ela separou mais as pernas, dando espaço para que ele pudesse provocá-la ainda mais. 

Muriel gemeu alto quando percebeu o que estava acontecendo, a mão de Lleaud em sua garganta tinha uma aperto firme enquanto ele beijava e mordiscava seu pescoço. Mas, o que a fez despertar, foi os dedos a penetrando. Ela queria puxá-lo para dentro da banheira e substituir os dedos dela pela ereção que sabia que ele estava tendo, mas não tinha forças para isso, a mão firme em seu pescoço e os dedos que brincavam com ela a deixavam drenada. Uma boa parte do seu corpo parecia anestesiado e Muriel sabia que era porque estava perto de um orgasmo, suas mãos estavam dormentes e seu cérebro mal conseguia processar seu companheiro mordiscando e beijando seu ombro esquerdo. 

-Você precisa aterrissar, lobinha, em alguns minutos seus seguranças vão subir com aquela criança - Lleaud brincou depois que sentiu o orgasmo de sua companheira abrandar.

-Eu te odeio! Prometa que vamos terminar o que começamos.

Lleaud sorriu, a mão esquerda de Muriel havia prendido seu rosto em um aperto de morte, isso sempre o fazia lembrar que sua companheira não era submissa as vontades dele, ela era tão firme quanto ele, Muriel era uma alfa e o lembrava disso constantemente.

-Nós vamos - ele concordou.

Muriel suspirou, ela sabia que não era tão simples para eles abrirem mão do controle e Lleaud sempre o fazia quando ela queria, mas estava cada vez mais complicado pra sua loba, ceder não era algo que ela estava acostumada a fazer.

-Nós precisamos encontrar a terceira parte do nosso relacionamento - Muriel soltou.

-E nós vamos, mas estamos conseguindo manter um bom relacionamento enquanto isso não acontece.

-Minha loba não gosta de se curvar.

-Eu sei, enquanto não o encontramos, não tenho nenhum problema em me ajoelhar pra você.

Muriel sorriu, saindo da banheira e se enxugando, ela sabia que ele falava a verdade, podia sentir a satisfação de Lleaud ao obedecer as ordens dela, mas também sentia o quanto ele a queria submissa em algumas ocasiões.

Linhagens - LleaudOnde histórias criam vida. Descubra agora