Capítulo 5

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Sentei-me ereta na cama com os ouvidos vibrando, e imediatamente chamei uma serva. Eu a encontrei na porta, descalça e com o olhar selvagem.

— Traga-me Natalia — eu disse, e ela se curvou e correu para as sombras.

Cada segundo era muito longo. Mas logo Natalia estava correndo pelo corredor em direção ao meu quarto, apertando o robe vermelho translúcido que ela havia jogado sobre sua camisola, cabelo escuro solto e voando atrás dela.

Fiquei surpresa por parecer mortalmente calma quando falei.

— Natalia. Você tem alguma maneira de entrar em contato com ele no front?

— Sim, por quê....? — Ela parou, talvez se perguntando se deveria trair a confiança dele, depois balançou a cabeça, a respiração ainda rápida depois de sua corrida. — Sim, tenho.

— Preciso falar com ele. É urgente.

Natalia balançou a cabeça novamente e não me questionou.

— Tudo bem. Siga-me.

Ela correu pelo corredor novamente, e eu a segui até o que me lembrei de ela ter dito que era uma das suítes palacianas menos utilizadas. Quando paramos na frente de uma porta, ela puxou uma corrente fina ao redor do pescoço que eu não tinha notado antes e pescou uma chave do decote de sua camisola.

Pensei que poderíamos estar indo para o quarto dela, mas quando ela abriu a porta, vi que o quarto era um pequeno escritório. As prateleiras estavam em sua maioria vazias, e as aranhas e suas decorações de teias haviam tomado conta. Cortinas escuras pendiam nas janelas, fechadas de modo que nem uma lasca de luar brilhava por elas.

Enquanto eu tateava buscando pelo interruptor de luz, Natalia foi até a mesa antiga e o único toque de modernidade da sala: uma engenhoca estranha, quase piramidal, que parecia banhada a latão. Ela ergueu um cilindro dela — não, não um cilindro, ele se curvava e se alargava estranhamente nas extremidades — e depois enganchou o dedo no mostrador, girando-o uma, duas vezes...

— O que é isso? — Eu perguntei.

— Um telefone.

— Não pode ir mais rápido?

— Eu tenho que discar os números certos — disse ela, e pela primeira vez ela soou um pouco impaciente comigo. Fui lembrada mais uma vez de que eu era uma estranha neste mundo, e a deixei trabalhar, cruzando meus braços sobre o peito, incapaz de impedir que meu pé batesse.

Finalmente, ela conseguiu o que devem ter sido os números certos, porque segurou o telefone no ouvido e esperou, franzindo a testa. Eu quase pulei para fora de minha pele quando uma voz começou a falar, baixa e ligeiramente distorcida e incompreensível para mim.

— Sim, para o Darkling — disse Natalia, sua voz um sussurro silencioso e urgente. — É importante. Sankta Alina precisa dele.

A pessoa do outro lado deu uma resposta curta. Então, Natalia estendeu o telefone para mim.

— Sankta Alina? — Eu perguntei a ela. O telefone estava conectado à sua base por um fio, então tive que me mover para trás da mesa para pegá-lo. Eu podia ver algum tipo de rede de metal na extremidade larga.

Ela corou.

— Não é o seu título oficial, mas tende a obter resultados mais rápidos.

Eu franzi a testa, mas levei as extremidades curvas do telefone até o meu ouvido e boca, como eu a vi fazer. Aquilo poderia esperar. Isso não poderia.

O Darkling não me deixou esperando por muito tempo.

— Você aprende rápido — disse ele simplesmente. Sua voz estava ligeiramente distorcida, mas eu ainda podia ouvir a diversão irônica nela. — Duas novas maneiras de entrar em contato comigo em uma noite. Você sente tanto a minha falta?

Out of TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora