Prólogo

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                                                                                           Parte 1

Ninguém sabe por que ama ou por que não ama. É uma coisa que se sente, mas que não se explica.- Júlio Dinis.



1846, Whitway, Inglaterra

Elizabeth Ravensberg estava sentada na sua cama a ler um livro de poesia quando, de repente, a sua empregada, Valéry, bateu à porta.

- Menina Elizabeth?!- Chamou a empregada.

Elizabeth estava tão concentrada na leitura que nem ouviu Valéry.

- Menina Elizabeth?!

A empregada entrou no quarto e poisou-lhe a mão no ombro, tirando-a logo de seguida quando Elizabeth, ao sobressaltar-se, deixou cair o livro e levantou-se rapidamente, virando-se para a sua criada pessoal.

- Oh, meu Deus! Desculpe, menina Elizabeth. - Lamentou-se Valéry, com uma expressão exagerada de preocupação no rosto.

Elizabeth engoliu em seco enquanto alisava freneticamente o vestido, com as mãos, recompondo-se da surpresa inesperada.

- Desculpa, estava perdida na leitura. O que querias, Valéry? - Perguntou Elizabeth, baixando-se para apanhar o livro de poesia.

- Vim chamá-la porque o seu pai deseja falar consigo. - Explicou Valéry, brincando com as mãos.

- Obrigada!

Valéry guiou Elizabeth até ao escritório do seu pai, Mr. Ravensberg.

Elizabeth reparou que a sua mãe também estava presente, ao lado do seu pai, ambos muito sérios, no entanto, com um olhar sorridente, um olhar de quem tinha saído vitorioso de uma guerra que já durava muito tempo.

- O que queriam dizer-me? - Perguntou Elizabeth, abruptamente. Estava chateada com os seus pais, ultimamente só andavam a fazer-se de casamenteiros! Estava farta disso. Eles não percebiam que ela não queria casar?!

- Arranjámos-te, finalmente, um marido. Filha, ele é um homem bom, inteligente e bonito. O nome dele é William Wyatt, é o filho do duque de Newbury abbey. Vais ser duquesa! - Anunciou Mr. Ravensberg, com um entusiasmo que irritou ainda mais Elizabeth para além da aterradora notícia.

Elizabeth engoliu em seco.

Ela olhou fixamente nos olhos castanhos do seu pai, com raiva e mágoa. Sentia-se como se tivesse sido traída, apunhalada pelas costas, num golpe muito sujo.

- Eu disse que não queria casar! - Lembrou Elizabeth, sentindo-se indignada e revoltada.

- Nós somos os teus pais e nós é que sabemos o que é bom para ti! Tens vinte e cinco anos e precisas de casar. - Gritou Mr. Ravensberg, cheio de fúria, mas nem por isso ela se deixou vacilar. - Ele é um bom homem. Tu vais casar com ele, Elizabeth! - Acrescentou com mais suavidade.

Lágrimas começaram a correr dos olhos dela. Elizabeth virou costas e correu em direção ao seu quarto. Como é que eles podiam ser tão cruéis assim?!

- Coitadinha! - Comentou Mrs. Ravensberg, compadecendo-se da filha. - Talvez esteja na altura de falar com ela sobre o casamento.

- Com certeza! - Concordou Mr. Ravensberg, soltando um suspiro, exausto daquela cena dramática que a sua filha insistia sempre em fazer.

Prometida ao IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora