Dezoito

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Parte 4

E Julieta disse a Romeu: De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sobre outra designação teria igual perfume?- William Shakespeare.

Elizabeth e William estavam à porta da casa de Mr. e Mrs. Ravensberg. Bateram à porta e esperaram que o mordomo a abrisse.

- Oh! - Surpreendeu-se o mordomo.

- Queremos falar com Mr. e Mrs. Ravensberg. - Informou Elizabeth, com impaciência.

- Com certeza, milady. - Aceitou ele, fazendo uma breve reverência. - Queiram-me seguir até à sala de visitas.

Gordon levou-os até à sala e foi chamar os donos da casa.

- Meu Deus! Estou tão nevosa, William. - Disse Elizabeth, juntando as mãos como se estivesse a rezar.

William abraçou Elizabeth e sussurrou-lhe ao ouvido palavras doces para acalmá-la.

De repente, ela levantou a cabeça e olhou-o nos olhos.

- Nunca mais poderemos amar-nos. - Disse ela, abanando a cabeça negativamente e com as lágrimas a escorrerem-lhe dos olhos.

- Sentemo-nos, minha querida. - William escoltou Elizabeth para um divã azul esverdeado, que ali se encontrava, e os dois sentaram-se. Envolveu os seus ombros com um braço e encostou a face dela ao seu ombro.

- Vai tudo correr bem. - Suavizou ele, fazendo-lhe festas na cabeça.

- Nunca mais poderemos estar juntos. Nunca mais poderemos beijar-nos. Nunca mais poderemos tocar-nos e nunca mais poderemos voltar a fazer amor. - Enumerou Elizabeth, entrelaçando a sua cintura e aconchegando-se a ele enquanto William a apertava nos seus braços.

- Podemos não voltar a fazer isso, mas uma coisa é certa: eu nunca irei deixar de te amar. - Disse William, dando-lhe um beijo na têmpora, com as lágrimas a quererem aflorar-se nos olhos. Reprimiu-as.

A porta abriu-se atrás deles e os dois levantaram-se para cumprimentar os pais de Elizabeth com uma reverência.

- O que se passa? - Perguntou Mr. Rasvensberg. - Porque é que a minha filha está a chorar?

- Nós queremos explicações. - Exigiu William, muito sério, levantando-se do divã. - Descobrimos hoje que somos irmãos. Houve um acidente, não é verdade? Um acidente de carruagem, onde foi esquecida uma criança, um menino. Bom, pelos vistos essa criança sou eu.

Mr. e Mrs. Ravensberg olhavam-nos estupefactos, de sobrolho franzido e expressão assustada, confusa, de quem não conseguia compreender o que se passava.

- Como é que souberam disto? - Inquiriu Mr. Ravensberg, completamente perplexo. - Isto é algum tipo de brincadeira? Por favor, digam-me que sim.

- Não é nenhuma brincadeira. Soubemo-lo pela minha governanta, que me resgatou naquele dia e deu-me como herdeiro aos meus pais, pois a minha mãe não conseguia ter filhos.

William contou-lhes toda a história que ele próprio ouvira naquela triste manhã, parando algumas vezes para se controlar e não se deixar chorar. Os rostos dos seus verdadeiros pais mudavam de expressão com muita rapidez – passando de confusão para desdém, de credibilidade para esperança...

Os olhos deles estavam vidrados da emoção, ao ouvirem aquela inesperada notícia.

- Meu Deus...- Balbuciou Mr. Ravensberg, surpreso. - És mesmo tu. Meu Deus, meu filho. És mesmo tu, Edgar. Como não notámos?!

Elizabeth e William olharam-se entre si enquanto Mr. e Mrs. Ravensberg correram para abraçar William.

- Meu Deus, meu filho! Edgar! - Gritou Mrs. Ravensberg, cheia de felicidade e lágrimas nos olhos por voltar a ver o seu filho.

Prometida ao IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora