Treze

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Parte 3

Matar o sonho é matar-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.- Fernando Pessoa.

Chegara o dia do casamento de Sir Robin e de Lady Catherine.

Todos já estavam na igreja e o padre já começara o seu longo discurso aborrecido.

William olhou para Elizabeth sentada ao seu lado. Estava bastante bonita, vestida com um simples vestido cor-de-rosa suave. Os seus olhos estavam brilhantes pelas lágrimas que se amontoavam neles. William viu nos seus olhos que ela desejava também casar-se e apercebeu-se que teriam de discutir o dia do seu casamento.

Era uma pena que ela tivesse voltado para a casa dos pais, pois assim não poderia entrar no seu quarto e dormir com ela. Mas em breve isso iria mudar.

- Prometo-te ser fiel, honrar-te e respeitar-te, estando ao teu lado na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza ou na pobreza... até que a morte nos separe. - Disse Sir Robin a Lady Catherine, sorrindo-lhe.

- Prometo-te ser fiel, honrar-te e respeitar-te, estando ao teu lado na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza ou na pobreza... até que a morte nos separe. - Respondeu Lady Catherine, com um sorriso enorme e uma lágrima a escorrer-lhe dos olhos.

- Pode beijar a noiva. - Autorizou o padre, solenemente.

Sir Robin inclinou-se e deu um leve beijo nos lábios de Lady Catherine. Todos os que estavam naquele salão aplaudiram.

William sorriu para si, imaginando-se com Elizabeth em cima do altar. Ela esperava isso e ele ia dar-lhe isso. Apesar de ainda estar de luto pela morte do seu primo, ele iria casar com ela. Elizabeth merecia isso e ele também. William amava-a muito. Após o ano de luto, iriam casar. A decisão estava tomada!

Entretanto, todos dirigiram-se para o salão de baile para iniciar o copo-d'água.

A orquestra começou a tocar as notas iniciais. Seria uma valsa. Elizabeth e William sorriram um para o outro, recordando-se das danças que partilharam. Já não dançavam há algum tempo. Elizabeth levou a mão esquerda ao ombro de William, colocando a outra na dele. A mão direita dele assentou firmemente no fundo das costas de Elizabeth, como nos velhos tempos.

Eles sorriram novamente, recordando o momento em que dançaram a primeira valsa.

William conduziu-a então na dança.

- Velhos tempos, não é?- Riu-se William.

- Sim!- Respondeu Elizabeth, com um sorriso enorme nos lábios.- Há tanto tempo que não dançávamos.

- É bom voltar a fazê-lo.- Comentou ele, puxando-a mais para si.- Ainda para mais com a mulher que eu amo.

Elizabeth sorriu tanto que quase parecia que os seus lábios se iam rasgar.

Sim, ele teria de falar com ela sobre o casamento. Estava desejoso por falar com ela.

...

No dia seguinte, enquanto Valéry penteava Elizabeth, Gordon, o mordomo, bateu à porta.

- Entre! - Mandou Elizabeth, virando-se para a porta de madeira de carvalho esculpido.

O mordomo entrou e fez uma breve reverência.

- Diga, Gordon. - Pediu Elizabeth, com delicadeza.

- Vim dizer-lhe que Sir William espera por si, na sala de visitas. - Anunciou Gordon, impassivelmente.

Elizabeth esbugalhou os olhos e sorriu. Virou-se para Valéry e disse, com enorme alegria e entusiasmo:

- Despacha-te, Valéry! Faz-me uma trança e não percas tempo com este penteado.

Valéry despachou-se a desmanchar o que tinha feito, suspirando, pois o penteado que estava a fazer era muito complicado, todavia fez-lhe a vontade e entrançou o seu bonito cabelo ruivo numa trança bastante simples.

- Obrigada!

Elizabeth levantou-se e dirigiu-se para a sala de visitas, com passos largos e firmes, o que não era próprio de uma dama.

Quando ela entrou na sala de visitas, correu até William e abraçou-o. Ele retribuiu o abraço.

- Pedi ao teu pai permissão para te levar num passeio no meu cabriolé. - Anunciou William, muito contente.

Ela olhou-o nos olhos e sorriu-lhe calorosamente.

- Como nos velhos tempos? - Perguntou ela, com um sorriso malicioso.

- Como nos velhos tempos. - Riu-se ele, passando-lhe uma mão suave pela face, como uma carícia. - Parece que estamos a recordar muito os velhos tempos.

Ele ofereceu-lhe o braço e escoltou-a para fora de casa. Ajudou-a a subir para o cabriolé e fez o mesmo.

Incitou os cavalos e levou-a a dar um passeio.

- Preciso de falar contigo. - Declarou William, sério, agora.

- Aconteceu alguma coisa? - Indagou Elizabeth, preocupada, temendo que fosse novamente algo relacionado com o defunto Dexter.

- Não, mas vai acontecer. - Respondeu ele, com um sorriso.

Elizabeth franziu o sobrolho, confusa. Então se não era a tristeza mútua por Dexter... O que poderia ser?

- Gostaria de definir a data do nosso casamento. - Esclareceu.

Ela abriu a boca e mexeu-a, mas não emitiu nenhum som.

William não soube se aquilo era bom ou mau sinal, até que ela gritou o seu nome e começou a rir-se.

- A sério? - Indagou ela, com uma lágrima a escorrer-lhe dos olhos.

- Sim. - Assegurou-lhe, inclinando-se e dando-lhe um leve beijo nos lábios. - Quando é que achas que deve ser? Gostaria de casar contigo o mais rápido possível, porém não me sinto preparado. Ainda estou de luto e não quero que o nosso casamento comece com a tristeza ainda presente pela perda do meu primo. Talvez daqui a um ano...

Ela assentiu com a cabeça e sorriu-lhe, abraçando-o para tirá-lo dos seus pensamentos sombrios.

- Então, em junho do próximo ano! - Respondeu Elizabeth, ansiosa por se casar com o seu amado noivo.

- Então, assim será. - Riu-se William, abraçando-a com força. - Dia sete de junho de 1847. O que te parece?

- Perfeito! - Elizabeth abraçou-o com força e ele deu-lhe um beijo na cabeça.  

Prometida ao IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora