Dez

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Elizabeth correu para o quarto dos doentes com uma bacia com água e panos, nas mãos.

Mais um criado tinha adoecido e agora havia poucas pessoas para cuidar dos dezasseis criados tuberculosos que estavam a tomar o remédio a segunda vez naquele dia.

William também lá estava. Estava a ajudar um criado idoso que tinha a febre alta e estava encharcado em suor.

Elizabeth ajoelhou-se à frente de uma criada ainda jovem, que tossia sem parar.

- Tudo bem! - Tentou consolar Elizabeth, sentindo-se um pouco nervosa com a situação. - Vai correr tudo bem!

Elizabeth arregaçou as mangas, pegou num pano, mergulhou-o na água e levou-o à sua testa para tentar baixar-lhe a febre.

- Como te chamas? - Indagou Elizabeth, de sobrolho franzido, enquanto passava os panos húmidos pelo seu corpo.

- Chamo-me... Genevieve. - Respondeu a criada, com dificuldade. Esboçou um sorriso trémulo.

Elizabeth sorriu-lhe também e passou-lhe uma mão pela testa.

- Que idade tens? - Intrigou.

- Tenho... vinte. - Replicou ela, levando uma mão à barriga.

Elizabeth olhou atentamente para a barriga da rapariga e notou que esta estava volumosa. Aproximou-se mais da criada e segurou-lhe na mão com força.

- Estás grávida?- Perguntou, num sussurro, para não chamar a atenção dos curiosos.

Genevieve sorriu-lhe debilmente e lágrimas começaram a correr-lhe dos olhos.

- Sim! - Respondeu ela, abanando a cabeça afirmativamente. – Meu Deus, sim!

- Santíssima Senhora do Sacramento! - Exclamou Elizabeth, sorrindo. Passou uma mão pela cabeça de Genevieve. - Quem é o pai?

- Não posso dizer, senhora. - Disse Genevieve, abanando a cabeça negativamente. - A senhora nem devia estar a cuidar de mim. Eu sou uma simples criada e...

- Tolices! - Interrompeu Elizabeth. - Não és só uma simples criada, és uma mulher jovem e bonita que também tem o direito de ser tratada.

Genevieve sorriu. Sentia-se muito comovida com as suas palavras.

- Estou grávida do senhor da casa. – Confessou por fim Genevieve, ruborizando-se intensamente.

Elizabeth empalideceu. Do dono da casa? Ela teria ouvido bem? Genevieve estava grávida do primo de William?

- Como? - Balbuciou. - Ele obrigou-te? Tu... seduziste-o?

Genevieve ruborizou-se ao ouvir as suas perguntas e voltou a tossir, soltando um pouco de sangue.

- Não, ... ele não... me obrigou. - Replicou ela, quando se acalmou. - E... também não... o seduzi.

Elizabeth pegou num pano húmido e limpou-lhe a camisa de noite.

- Então, ... como? - Perguntou Elizabeth, com o sobrolho franzido.

- Eu e ele... apaixonámo-nos. - Respondeu Genevieve, sorrindo. - Já... estamos juntos há muito... tempo, ... em segredo.... Tenho sido eu a... cuidar dele.

- Adoeceste há pouco tempo, não é? - Quis saber Elizabeth, fazendo-lhe uma festa na cabeça e olhando-a com amabilidade.

- Sim.- Retorquiu ela, com alguma tristeza.- Comecei a sentir... os sintomas ontem... Receio... pelo bebé.

Elizabeth ficou por uns momentos a olhá-la, sentindo compaixão por ela. Depois, levantou-se, inclinou-se e deu-lhe um beijo na testa.

- Eu já venho, Genevieve. - Disse ela, com um tom determinado. - Vou buscar mais água e um pouco de remédio.

Prometida ao IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora