- Ora!
A gargalhada seca acordou Elizabeth. Valéry estava de pé ao lado da cama.
- É melhor acordar, milady. - Disse Valéry, sorridente. - Sir William está à sua espera lá em baixo a conversar com o seu pai.
- Oh!
Elizabeth levantou-se de um salto. Valéry mostrou-lhe um vestido verde, mas Elizabeth, com os olhos semicerrados, abanou a cabeça.
- Não, Valéry. O novo de veludo azul, por favor. - O de veludo azul era quase sem corte e muito recatado, o que faria com que aquele libertino desgraçado tirasse os seus indesejáveis olhos azuis de si.
Valéry arqueou as sobrancelhas, mas não fez comentário nenhum, além da gargalhada seca do costume.
Valéry ajudou-a a vestir-se e a pentear-se.
Elizabeth saiu do quarto e dirigiu-se às escadas, seguida por Valéry, que seria novamente a sua acompanhante naquele passeio.... Enquanto descia, com um chapéu azul na mão, sentiu um arrepio repentino e apercebeu-se de que Sir William a esperava no átrio, a olhar fixamente para ela. Mr. Ravensberg estava ao seu lado, sorrindo cheio de orgulho.
Pegou na sua mão e levou-a aos lábios. Elizabeth corou e reparou que o seu coração começava a bater mais depressa. Estava nervosa com o passeio.
Voltou-se para Mr. Ravensberg para se despedir e, antes que Elizabeth pudesse fazer algum comentário, Sir William disse:
- Voltaremos daqui a uma hora, mais ou menos.
Depois, Sir William escoltou Elizabeth para a rua, sendo seguidos pala criada pessoal dela.
Quando chegou à rua, ela atou o chapéu sobre os seus caracóis ruivos. Soprava uma brisa fresca que abanava as crinas dos cavalos. Um criado de William segurava-lhes a cabeça. William subiu para o cabriolé e, com um suave movimento das rédeas, começaram a andar, enquanto o rapaz corria para a parte de trás para se sentar e Valéry se agarrava com todas as suas forças a uma coluna do cabriolé que ligava o banco, onde ela e o criado estavam sentados, ao transporte.
Enquanto conduzia, William apercebeu-se de que o seu plano simples de passar uma hora de conversa amena com Elizabeth no parque fracassara. Para começar, não havia nenhum cavalo nos seus estábulos que pudesse ser descrito como dócil. Os cavalos que pedira que lhe atrelassem ao cabriolé eram dois puros-sangues árabes, perfeitamente capazes de atropelar qualquer coisa que se atravessasse à frente. Além disso, já não saíam há três dias e estariam dispostos a correr milhares de quilómetros sem parar se ele soltasse as rédeas. Reprimiu um suspiro e dedicou-lhes toda a sua atenção.
Quando chegaram às portas do parque, pôs os cavalos a trote e deixou que exercitassem, pelo menos, um pouco as pernas.
- Está alguém a cumprimenta-lo.- Informou Elizabeth, pouco tempo depois.
William olhou à sua volta e devolveu o cumprimento a uma mulher gordinha e à sua filha igualmente cheiinha, que outrora tinham tentado impor-lhe um casamento até descobrirem que já estava noivo.
Elizabeth apertava com tanta força a sua bolsinha que sentia o rebordo fino de metal da pega quase a dobrar-se. Queria que ele dissesse qualquer coisa ou que ela fosse capaz de pensar em algum tema de conversa banal.
Mas porquê? Ela nem gostava dele. Até era bom estar ao seu lado, mas não! Não podia gostar de estar com ele. Não podia!
Finalmente, o desespero levou-a a dizer:
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Prometida ao Irmão
RomanceUm terrível acidente de carruagem provocou a separação de dois irmãos de tenra idade, Elizabeth e Edgar Ravensberg. E, no meio do infortúnio, os nobres pais apenas conseguiram salvar a filha. Anos mais tarde, ficando cada vez mais velha para o casam...