Dezassete

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Após se vestirem e mandarem uma criada arrumar o quarto, desceram para a sala-de-estar, onde se encontravam com os pais de William. Mal entraram, de braço dado, Mr. e Mrs. Wyatt sorriram educadamente, não muito calorosos. De facto, os pais de William não eram muito carinhosos; eram frios e arrogantes, autênticos aristocratas ingleses.

- Bom dia para os pombinhos. - Cumprimentou Mrs. Wyatt, numa tentativa brincalhona; porém a sua brincadeira caiu em saco roto, sendo dita pela sua habitual voz altiva de desdém. Sinceramente, Elizabeth não gostava nada da mãe do seu amado.

No entanto, apesar de não gostar muito daquela senhora emproada, Elizabeth sorriu educadamente para a sua sogra e, então olhou para o seu marido com um sorriso cheio de felicidade e amor e um olhar que perguntava, com entusiasmo e ansiedade: "Contas tu ou conto eu?". Ele correspondeu-lhe o olhar, olhando-a com um sorriso aberto, cheio de felicidade e uma expressão que dizia: "Eu conto".

Aproximaram-se do sofá verde-escuro e sentaram-se, olhando para Mr. e Mrs. Wyatt com um misto de hesitação e ansiedade.

- Credo! Tanta felicidade! Queiram dizer o que vos deixa assim.... Desembuchem. - Incentivou Mr. Wyatt, animado e brincalhão.

- Bom, - começou William, sorrindo nervosamente. Sentia-se muito feliz - eu e a minha mulher vamos de lua-de-mel para Portugal.

Dito isto, o sorriso de Mrs. Wyatt desapareceu e foi substituído por uma expressão séria e de preocupação. Já a expressão do pai de William apenas mirrou ligeiramente. Aquelas reações não eram as esperadas e esse facto fez com que o estado de espirito dos dois jovens passasse de felicidade a desilusão e preocupação pela razão pela qual os pais de William tinham tido uma reação tão pouco positiva e emotiva.

- Mas, William, tens coisas para resolver! Não podes sair assim! - Repreendeu Mrs. Wyatt, com severidade. - Além disso, tens obrigações importantes, para não falar que tens uma reunião de extrema importância com o advogado por causa da propriedade do teu primo e tens de ir amanhã com o teu pai...

- Eu sei! - Interrompeu William, ligeiramente cortante, chateado por os pais estarem a ser pouco tolerantes e inconvenientes. - No entanto, creio que o pai possa falar sozinho com os latifundiários, já que não tem qualquer problema que o impeça de o fazer. E quanto à reunião com o advogado, é daqui a duas semanas.

A mãe dele franziu os lábios, sentindo que não tinha mais argumentos para o fazer desistir da ideia de ir viajar numa altura daquelas.

- Bom, se achas que o podes fazer, que não tens nada com que te preocupar, suponho que não te possa impedir de viajar com a tua esposa. - Concedeu Mrs.Wyatt, a contragosto, virando a cabeça dramaticamente para o lado, como uma menina mimada que fora contrariada, mas que, no entanto, queria continuar a mostrar que era superior a todos os outros.

William levantou-se e Elizabeth fez o mesmo, dando-lhe o braço numa forma protetora e ao mesmo tempo consoladora.

- Bom, vou pedir então à governanta que faça os preparativos para a viagem de amanhã. - Indicou o seu marido, com uma voz ligeiramente tensa e o corpo rígido e, dito isto, fez uma pequena inclinação de cabeça e guiou a sua mulher até à porta. E antes de sair para o corredor, disse, sabendo como os pais gostavam de dormir até tarde: - Não é necessário levantarem-se amanhã para se despedirem de nós, partiremos bastante cedo.

Os pais dele não mudaram de expressão, apenas arregalaram ligeiramente os olhos, surpresos, porém não responderam nada e William e a sua linda mulher saíram da sala. Mal fecharam a porta atrás deles, ele suspirou e fechou os olhos, encostando a cabeça à madeira enfeitada da porta. Parecia chateado e cansado.

Ainda de braço dado com ele, Elizabeth perscrutou-lhe o rosto com preocupação e ansiedade e, então, ergueu uma mão e acariciou-lhe a face com amor. Imediatamente, William abriu os olhos, dirigiu aquele olhar incrivelmente azulado para os olhos azuis mais claros dela e esboçou-lhe um sorriso. E, então, pegou no braço dela e, sem dizer nada, encaminhou uma Elizabeth confusa e ansiosa por saber o que ele pretendia, ao espaço dedicado à criadagem, onde se encontrava a governanta.

Prometida ao IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora