Sete

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No fim do jantar, Elizabeth retirou-se para o seu quarto.

Valéry, que tinha vindo como acompanhante, estava a ajudá-la a despir a roupa.

- Valéry?

- Sim, milady?

- Estou preocupada com William. Ele está destroçado. Acabou de perder uma pessoa muito importante para ele. - Desabafou Elizabeth, num tom preocupado. Estava sinceramente preocupada com o seu noivo. Gostava muito dele e vê-lo daquela forma destroçava-lhe o coração.

- Gosta mesmo dele, não é verdade? - Notou Valéry, como se lhe tivesse lido os pensamentos. Cuidara dela desde que nascera e conheci-a tão bem como a si própria.

- Sim! Tenho de admiti-lo. Amo realmente William. - Assumiu Elizabeth, suspirando. - Por incrível que pareça, acabei de descobrir que ele é o homem da minha vida e estou muito preocupada com ele. Não sei o que hei de fazer para o ajudar!

- Continua a fazer aquilo que estás a fazer. - Aconselhou, carinhosamente, tratando-a por tu.

- O quê? O que é que eu estou a fazer?

- Ninguém teria tido coragem de enfrentar um homem enfurecido pela dor, nem mesmo os empregados, mas tu ignoraste o conselho da rapariga, entraste na biblioteca e consolaste-o. Ele saiu mais animado e reconfortado de lá.

Elizabeth sorriu. Valéry também era como uma segunda mãe para ela. Se Valéry morresse, talvez tivesse a mesma reação que William.

- Eu amo-o muito! - Suspirou ela, apaixonadamente. - Nunca pensei que poderia apaixonar-me por ele, mas acabei por o fazer.

- Ainda bem que finalmente encontraste felicidade no casamento. - Comentou Valéry, com um sorriso maternal.

Valéry saiu do quarto e Elizabeth, que já tinha vestido a sua camisa de noite, deitou-se na cama. Pegou num livro de poesia e começou a lê-lo.

Momentos depois, alguém bateu à porta.

- Entre! - Mandou Elizabeth, poisando o livro na mesinha de cabeceira e puxando os cobertores até ao queixo.

Quem entrou foi William.

Sabia que não era apropriado um homem entrar nos aposentos de uma mulher e vice-versa, a não ser que estivessem casados, contudo, Elizabeth optou por não lhe dizer nada. Talvez ele estivesse ali porque ainda precisava dela.

Elizabeth relaxou e olhou-o com um sorriso terno e dócil. Por sua vez, William sorriu e corou um pouco.

- Sinto-me envergonhado. - Confessou, pigarreando, baixando a cabeça e esboçando um sorriso tímido.

Elizabeth sorriu.

- Anda cá! Senta-te aqui. - Mandou Elizabeth, batendo levemente com a mão no colchão.

William aproximou-se da cama e sentou-se aos pés da sua futura esposa.

- Desculpa-me por aquilo que aconteceu...- Começou ele, ruborizando-se ligeiramente.

- Não tens de pedir desculpa, William. - Interrompeu-o, numa forma doce. - Percebo a dor que estás a sentir. Por isso, não precisas de pedir desculpa.

- Percebes? - Indagou William, confuso, mas ao mesmo tempo curioso.

- Sim. - Respondeu Elizabeth, com pesar. Então, decidiu contar um dos seus traumas ao seu noivo para que ele soubesse que ela o entendia. - Uma das minhas melhores amigas morreu afogada. Ela fugiu de casa porque não se queria casar e todos andámos à sua procura até que passaram meses e acabámos por desistir. Um dia eu fui dar um passeio com Valéry pelo bosque... Quando passámos pelo rio, encontrámos um corpo. Era a minha melhor amiga. Ficámos horrorizadas. - Elizabeth fez uma pausa, respirou fundo e depois prosseguiu:- Ainda me lembro da pele branca arroxeada, do cabelo loiro preso num coque encharcado e dos olhos azuis abertos de espanto e...

Prometida ao IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora